Um dia qualquer, mas com a certeza...
Acordar cedo e dormir tarde pode parecer pouco, mas não para os organismos desacostumados de hoje.
Pegar o ônibus e ir se acostumando com os cheiros e manias alheias; ir observando cada detalhe, todos mesmo, sem excluir nenhum. O ruim é que são tantos que confundem vossas cabeças.
Descer no ponto de sempre. Oh Presidente Vargas, e começar a andar em um dia meio a andanças.
Perder a hora por burrice e por causa das placas que não sabem guiar ao certo. De certo, eu não sei para que sirvam, já que não podem nos guiar.
Prometer voltar mais tarde e decidir andar sem rumo.
Ir da Central até a Lapa, indo e vindo sem parar. Aliás, parada apenas para contemplar as coisas belas dessa vida. Ver a exposição da vida de Machado, tão carioca e tão fugaz. Sair de lá pensando que tudo pode observando a vida daqueles que venceram.
Continuar a caminhar sem rumo. Sentir-se ao mesmo tempo só, porém, livre.
Passar no Paço Imperial e analisar o que outras mentes insanas estão a pensar.
Pensar em descansar na igreja, mas acabar assistindo a missa. E de tão pagã que és nem saber como seguir o tal rito. Sair da igreja e voltar a andar...
Ir a livrarias ver as palavras e como recompensa tocar uma Bossa Nova, que de nova não tem mais nada, mas curtir da mesma intensidade que outrora. Como se fosse um debute musical...
Criar bolhas nos pés até as sandálias arrebentarem, afinal, elas são objetos e podem se comprar novas.
Voltar para casa tão incerta como quando saíste dela. Mas no fim ter uma certeza, o amanhã sempre será melhor que o agora.