Filósofos entram no terceiro mês de greve geral – HIPS anuncia que não há previsão de retorno

29/07/2008

PNC – Estocolmo.

Jürgen Von Häagendazs, presidente vitalício do sindicato internacional dos filósofos hermeneutas (Hermeneutics International Philosophers’ Syndicate, ou HIPS), situado na cidade de Helsingborg, Suécia, anunciou nesta última segunda-feira que não há previsão de encerramento para a paralisação geral dos filósofos.

A greve geral já completa dois meses, e se espalha endemicamente por todo continente europeu, além de já ter conseguido o apoio da conceituada sociedade de filosofia canadense (Crown Royal Canadian Philosopher’s Blended Society), que prometeu parar suas atividades na próxima sexta-feira, caso as exigências do HIPS não sejam atendidas.

O motivo do início da paralisação geral ainda não foi confirmado, mas especula-se que a greve tenha sido motivada pelas recentes declarações da ministra da integração artística da Suécia, a doutora Alberta Premium Spritdryck, que durante um discurso oficial para vários chefes de estado, afirmou que “aulas de filosofia são demasiadamente expositivas, além dos professores usualmente sofrerem desvios de personalidade”, e ainda, ao final do mesmo discurso, arrematou: “docentes de filosofia costumam ser péssimos exemplos para nossa juventude. Atividades esportivas me parecem muito mais saudáveis.”

A situação ainda é agravada pelo aumento assombroso das aulas de educação física em detrimento às disciplinas de filosofia, tendência que parece contaminar as escolas européias na última década, e preocupa os profissionais do ramo.

Jürgen Von Häagendazs, em entrevista exclusiva a PNC de Estocolmo, criticou duramente as afirmações da ministra, e a classificou como “uma mal resolvida concupiscente, aos moldes de Platão”. Afirmou ainda, que “a greve geral irá mostrar a verdadeira necessidade dos filósofos no mundo globalizado”, e ainda acrescentou que “sem o trabalho destes profissionais, o mundo entrará em colapso sócio-cultural muito em breve”, porém, não especificou quando seria seu ‘muito em breve’.

Os grevistas prometem continuar a greve até que o governo sueco tome uma posição oficial em relação à obrigatoriedade da disciplina de filosofia na ementa acadêmica do ensino médio. Além de exigirem um mínimo de 60 horas anuais para a disciplina, os filósofos lutam ainda pela distribuição gratuita de livros didáticos aos alunos, prática proibida na Suécia desde janeiro de 2005, quando a distribuição de notebooks a todos os estudantes da rede pública se tornou obrigatória. As escolas privadas já eram obrigadas a fornecerem computadores aos alunos desde março de 2001.

O prejuízo da greve já é estimado em cerca de dezenove milhões de coroas suecas, que serão sumariamente descontados pelas escolas dos holerites dos próprios grevistas, que já ameaçam fazer novas greves em represália.

Enquanto a situação não é resolvida, milhares de estudantes ficam sem aulas de filosofia. Segundo fontes extra-oficiais, sete alunos já registraram reclamações, contudo, os responsáveis da secretaria de educação do município de Helsingborg afirmam que ao menos três dos chamados não passavam de trotes.

Herr Brehm
Enviado por Herr Brehm em 31/07/2008
Reeditado em 01/08/2008
Código do texto: T1105514