Confete, do it. Confetti, s.m., pedacinho colorido de saudade.
Os tempos idos, nunca esquecidos, trazem saudades ao recordar; já diziam Carlos e Angenor. Para um cidadão "estatisticamente morto", se analisados os riscos sofridos em tantas aventuras e desventuras desta vida desregrada, esta frase revela muito. Se não muito, o suficiente para profundas horas de reflexão, ensimesmando-se em lembranças recheadas de nostalgia, saudades e risadas. Mais risadas do que qualquer outra coisa.
Exemplos não faltam num passado de bebedeiras épicas, quase sempre seguidas de atos de imprudência, imperícia e negligência (não necessariamente um de cada vez, ou nesta ordem), que mais pareciam testes empíricos dos limites do fígado humano. Uma cerveja inocente depois duma prova, sem maiores dificuldades se transformava num clarear insistente no largo da desordem, numa costela ao som de "boate azul" pelos arredores da cruz, ou então numa festinha em volta da piscina acompanhada das mais infames moçoilas com muito amor pra dar (e vender).
Jogos jurídicos, ou viagens a congressos, seminários e palestras de conteúdo acadêmico: Meros engodos para disfarçar o principal objetivo: A apologia à insanidade e satisfação sincera pelas coisas mundanas. A receita era simples: Desprender-se de preceitos morais, legais e demais chateações, e deixar o mundo seguir sua ordem natural. Quase sempre se conseguia ótimos resultados, e vez ou outra ainda era possível lembrar de tudo no dia seguinte.
Ressacas mórbidas seguidas de crises existenciais inenarráveis? Inúmeras! Mas com o tempo aprende-se a conviver com elas, mesmo quando respirar causa enjôo e o único remédio apropriado pareça ser o suicídio.
Hoje, os mesmos jovens que outrora desafiaram as leis da natureza, que ensandecidos vagavam sob má companhia recíproca cuspindo impropérios e despropósitos, continuam os mesmos, porém com nova aparência: Agora são "velhos sujos".
Velhos, porque os percalços da vida assim os deixaram, sem ao menos pedir licença. Uns mais, outros menos, pois como já disse Paulinho (sim, o da Viola), assim é o tempo: Um pássaro de natureza vaga.
Sujos, porque a sujeira sempre lhes apeteceu e ainda os impregna. A pureza e a inocência foram invariavelmente maculadas e deixadas em algum lugar do passado: Sabe-se que a sujeira é boa e está disponível em local certo, conhecido e quase sempre aconchegante.
Vive-se intensamente justamente porque é de conhecimento notório que viver mata. Com 100% de certeza. Se você tiver sorte, aos poucos...
Mas até que chegue o fim, aproveitemos tudo até a última gota. Para estes velhos imundos é tarde demais para alcançar a redenção, e cedo demais para tentar o arrependimento.
Aos que não conhecem o mundo de Marlboro, fica a recomendação: Nunca é tarde para aprender o ofício da libertinagem. Porém, certas matérias ainda precisam ser lecionadas na presença dos mestres, e experimentalmente.
E neste ramo abundam professores: Pois sempre haverá os que prefiram a cirrose ao tédio... Um dia, em meio à chuva de enxofre, ainda nos encontraremos novamente e brindaremos em conjunto:
- Aos peitões!!
13/07/2007