Odor predileto
Um dia estava na condição de pedra, não uma pedra qualquer, mas um tipo duro e difícil de quebrar. Suspirando em segredo, vi o regresso do meu sol a velejar nos pensamentos que em alguns minutos perdo-me na dimensão da empolgação, sobretudo, fagulho no caminho sem temer o ridículo e sem sonhar ao relento sem vácuo.
Já penei demais para não lançar-me a descobrir o máximo que posso em prol das descobertas ilimitadas e oportunas. Sou sonhador sim, sou velejador de mares do pensamento, contudo, percebo a importância da minha solenidade frente ao interrogatório flutuante e indigerível da saudade, luto dia e noite com o desespero para ser firme no meu objetivo e fortuito nos meus anseios.
Quem sou eu? Tenho que dar esta resposta todos os dias para provar que me conheço, para demonstrar que meu ser é campo de fertilidade, porém, de peito aberto para o tal sofrer e a verdade, com uma simples visão, de ser feliz, não para provar nada a ninguém, e sim para poder digerir as doenças causadas pelo medo e a preocupação.
Vida, quem disse que sou forte? Quem disse que meu declínio é no sul e não no norte, percebo meu contexto na atual direção que me condena a desprender-me do que gosto para fazer o que gosto, numa situação de reflexo para o futuro. Às vezes fico em cima do muro, pois sou humano e nada tenho a dizer das minhas fraquezas e franquezas, muito embora vivo sem saber do que sou capaz, portanto, a capacidade do ser humano é imensurável.
A humildade trafega em meu ser, mesmo que meus tropeços sufoquem meu jeito simples de ser e de agir perante o próximo. Recordo-me do solitário momento entre meu desejo e meu suor, horas penso no sentido da abdicação, mas, por outro lado, obedeço meu gênero humano de esgotar a vontade, porém, jamais esgotarei o silencio de sentir sem florescer em jardins que de tanto me embebedar com o cheiro acabei incorporando a flor como odor predileto.