Almoço de domingo
Águida Hettwer
Almoçava no domingo na casa de meu irmão, em harmonioso ambiente familiar, trocávamos lembranças de nossa infância, fotos antigas, riamos um do outro relembrando peripécias, brigas por besteiras, coisas de irmãos. A vida nos acenando na esquina da memória. Sons e imagens que nos arremetem ao passado, trazendo cenas autênticas, com riquezas de detalhes.
Curioso tudo isso, de como a simplicidade deixa marcas profundas. Os canteiros feitos artesanalmente nos fundos das casas, a vida pacata de cidade interiorana, onde corríamos atrás dos vaga-lumes, colocávamos em vidros e passávamos horas admirando. As mesmas vitrinas enfeitadas denunciando a chegada do natal e comemorações de final de ano. A rotina contada em poesia nos trigais dourados a perder de vista. A terra vermelha que manchou a sola do sapato, deixando rastro de nostalgia. Nos meus silêncios, ainda ouço as cantigas de roda, em uma saudade lembrada. Da inocência imaculada no olhar, hoje não se encontra mais. Da escola de freiras, e suas rigorosas regras e disciplinas. Uniforme alinhado e padronizado, onde nos desfiles de sete de setembro na minha pequenez era a ultima da fila. Sabores de infância aguçam-me a memória, em curtas palavras revivo histórias.
Talvez logre do tempo, meus momentos mais preciosos.
28.07.2008