UMA HISTÓRIA DE PERSEVERANÇA
Essa semana eu tive mais uma alegria na minha vida de educador: vi, pela primeira vez, uma aluna minha lançar um livro. O seu primeiro. O nome dela? Luciana Jerônimo. Moça simples, ali do bairro do carnaubal, aluna do CAIC, estudante ainda do fundamental, mas que nunca desanimou e, conseguiu, com seus próprios esforços, transformar em realidade um sonho de poeta: por em substrato, para o deleite de todos, os seus pensamentos.
Sua história se confunde com outras histórias, mas que, como todas as biografias, há exceções, e a dela foi à exceção, o exemplo a ser seguido.
Luciana mora sozinha com dois filhos menores e trabalha no período noturno em uma lanchonete para poder sustentar – a ela e aos seus filhos. Durante o dia cuida da casa, das crias, e ainda encontra tempo para estudar, no período vespertino. O restante do corriqueiro e atribulado dia, se dedica ao que mais gosta: escrever poesias.
Durante uma excursão da escola a cidade de Martins, ela estava triste em sua poltrona e apenas contemplava a paisagem com os pensamentos distantes. O motivo? Numa conversa com suas amigas, ela procurou saber delas o que achava das suas poesias, e todas elas – menos uma – a desestimularam a continuar a escrever.
Disseram para ela que era besteira aquilo tudo, que não ia dar em nada, pois era perda de tempo ela se dedicar a registrar suas reflexões, seus pensamentos, já que ninguém nunca ia ler mesmo.
O bom dessas horas é que sempre aparece uma alma boa para aconselhar, de verdade, e lhe indicar o caminho a seguir. A coordenadora da escola, de nome Auxiliadora, foi essa alma que, vendo-a triste, se achegou dela, e perguntou-lhe o que estava acontecendo. Ela, sem fazer cerimônias, desabafou, mostrando-se propensa a parar de fazer aquilo que mais gostava. Não havia razão de continuar, assim dizia suas amizades, assim ela começava a pensar.
“- Não fique assim, Luciana. Você vai falar com um de seus professores, o Raimundo. Ele, com certeza, é a pessoa certa para lhe dizer se você deve parar ou não de escrever”, disse-lhe a coordenadora.
E assim ela fez. O estímulo inicial a fez escrever, assim que o ônibus parou na cidade de destino. Escreveu sobre suas belezas naturais, a devoção do seu povo, a romaria daqueles que iam à busca da salvação da alma e do corpo. Não se enturmou com suas amigas que se divertiam dançando. Ela dançou sim, mas em prosa e poesia, tornando real a efervescência de sua mente. Escreveu como nunca.
E assim ela se fez parte de minha vida, duplamente: como aluna e como escritora. Vindo a minha casa, mostrou-me o que já havia escrito: estavam, todos, em um caderno desses comuns. Caligrafia cursiva. Li-os. Simples e bons. Em sua maioria, retratos do cotidiano daqueles que lutavam, dia-a-dia, para um futuro melhor: eram versos de um pensar melancólico, onde o sonho de se tornar alguém – além daquele presente – permeava cada estrofe. Gostei. E diante de sua inquietação sobre continuar ou não a escrever, apenas disse-lhe:
“- Sonhos, Luciana, são para se realizarem. Não desistas deles. O que você tem em mãos é uma obra exclusiva, única. Ninguém, por mais sabido que possa ser, pode ter sonhos iguais aos seus. Saber fazer poesia você sabe, portanto, siga em frente, sempre pondo em substrato, suas emoções; desenhe sua alma no papel e passe a nos emocionar, também”.
Ela seguiu o conselho: primeiro o da coordenadora; segundo, o meu.
Essa semana foi o seu dia. Entrevista na televisão durante a tarde. À noite, o momento maior: na biblioteca Ney Pontes, a noite de autógrafos. Estavam lá seus amigos, seus professores, poetas, escritores, representante do governo municipal e, dentre todos os presentes, aquele que foi o mais importante: seu sonho transformado em realidade.
Na volta ela me deu o prazer de levá-la em casa. No caminho ela não parava de falar, de agradecer, de mostrar a sua humildade diante dos acontecimentos e convites recebidos.
Não me contive e perguntei-lhe:
- Defina, Luciana, numa palavra apenas, os acontecimentos dessa noite.
- "Infalável”, balbuciou enquanto de seus olhos desciam – para cada um deles – uma gota de orvalho feito lágrima.
Não sabia ela que, naquele exato momento, ela acabava de acrescentar uma nova palavra ao dicionário brasileiro.
Essa semana eu tive mais uma alegria na minha vida de educador: vi, pela primeira vez, uma aluna minha lançar um livro. O seu primeiro. O nome dela? Luciana Jerônimo. Moça simples, ali do bairro do carnaubal, aluna do CAIC, estudante ainda do fundamental, mas que nunca desanimou e, conseguiu, com seus próprios esforços, transformar em realidade um sonho de poeta: por em substrato, para o deleite de todos, os seus pensamentos.
Sua história se confunde com outras histórias, mas que, como todas as biografias, há exceções, e a dela foi à exceção, o exemplo a ser seguido.
Luciana mora sozinha com dois filhos menores e trabalha no período noturno em uma lanchonete para poder sustentar – a ela e aos seus filhos. Durante o dia cuida da casa, das crias, e ainda encontra tempo para estudar, no período vespertino. O restante do corriqueiro e atribulado dia, se dedica ao que mais gosta: escrever poesias.
Durante uma excursão da escola a cidade de Martins, ela estava triste em sua poltrona e apenas contemplava a paisagem com os pensamentos distantes. O motivo? Numa conversa com suas amigas, ela procurou saber delas o que achava das suas poesias, e todas elas – menos uma – a desestimularam a continuar a escrever.
Disseram para ela que era besteira aquilo tudo, que não ia dar em nada, pois era perda de tempo ela se dedicar a registrar suas reflexões, seus pensamentos, já que ninguém nunca ia ler mesmo.
O bom dessas horas é que sempre aparece uma alma boa para aconselhar, de verdade, e lhe indicar o caminho a seguir. A coordenadora da escola, de nome Auxiliadora, foi essa alma que, vendo-a triste, se achegou dela, e perguntou-lhe o que estava acontecendo. Ela, sem fazer cerimônias, desabafou, mostrando-se propensa a parar de fazer aquilo que mais gostava. Não havia razão de continuar, assim dizia suas amizades, assim ela começava a pensar.
“- Não fique assim, Luciana. Você vai falar com um de seus professores, o Raimundo. Ele, com certeza, é a pessoa certa para lhe dizer se você deve parar ou não de escrever”, disse-lhe a coordenadora.
E assim ela fez. O estímulo inicial a fez escrever, assim que o ônibus parou na cidade de destino. Escreveu sobre suas belezas naturais, a devoção do seu povo, a romaria daqueles que iam à busca da salvação da alma e do corpo. Não se enturmou com suas amigas que se divertiam dançando. Ela dançou sim, mas em prosa e poesia, tornando real a efervescência de sua mente. Escreveu como nunca.
E assim ela se fez parte de minha vida, duplamente: como aluna e como escritora. Vindo a minha casa, mostrou-me o que já havia escrito: estavam, todos, em um caderno desses comuns. Caligrafia cursiva. Li-os. Simples e bons. Em sua maioria, retratos do cotidiano daqueles que lutavam, dia-a-dia, para um futuro melhor: eram versos de um pensar melancólico, onde o sonho de se tornar alguém – além daquele presente – permeava cada estrofe. Gostei. E diante de sua inquietação sobre continuar ou não a escrever, apenas disse-lhe:
“- Sonhos, Luciana, são para se realizarem. Não desistas deles. O que você tem em mãos é uma obra exclusiva, única. Ninguém, por mais sabido que possa ser, pode ter sonhos iguais aos seus. Saber fazer poesia você sabe, portanto, siga em frente, sempre pondo em substrato, suas emoções; desenhe sua alma no papel e passe a nos emocionar, também”.
Ela seguiu o conselho: primeiro o da coordenadora; segundo, o meu.
Essa semana foi o seu dia. Entrevista na televisão durante a tarde. À noite, o momento maior: na biblioteca Ney Pontes, a noite de autógrafos. Estavam lá seus amigos, seus professores, poetas, escritores, representante do governo municipal e, dentre todos os presentes, aquele que foi o mais importante: seu sonho transformado em realidade.
Na volta ela me deu o prazer de levá-la em casa. No caminho ela não parava de falar, de agradecer, de mostrar a sua humildade diante dos acontecimentos e convites recebidos.
Não me contive e perguntei-lhe:
- Defina, Luciana, numa palavra apenas, os acontecimentos dessa noite.
- "Infalável”, balbuciou enquanto de seus olhos desciam – para cada um deles – uma gota de orvalho feito lágrima.
Não sabia ela que, naquele exato momento, ela acabava de acrescentar uma nova palavra ao dicionário brasileiro.