Pedras de tropeço

Caminhei muitos caminhos nessa vida; e alguns descaminhos. É natural. As pedras mais aliviam do que pesam, na medida em que vou aprendendo a suportá-las e a arrumá-las na mochila da alma - mas só muito adiante percebi isso - Seriam companheiras por bom tempo na jornada. Mas não eram só pedras que eu colhia; também havia flores na estrada e sombra de árvores pra eu descansar da caminhada. As cores eram tantas que eu sonhava. Algumas desbotaram com o tempo. E as flores. Algumas ficaram pelo caminho, secas, murchas, amarrotadas; mas, ainda assim, flores vivas e que a memória não apaga ou não teria valido ter colhido. Cada uma a seu modo e tempo justo coloriram, perfumaram e enfeitaram os meus caminhos. Andamos juntos, eu as pedras e as flores . Algumas vezes desandei e fiz protesto. Cheguei a gritar que eram muitas as pedras e poucas as flores, mas continuei, hora a passos firmes, hora me empurrando a muito custo. Mas à medida que eu andava e o tempo escorria entre suores e sorrisos, cantos e lágrimas, percebi que as pedras por si se ajeitavam depois de cada tranco que eu levava; e percebi também que as flores aproveitaram de cada pedra o nutriente necessário. E rebrotaram.....e rebrotaram....e rebrotaram. Hoje escrevo em agradecimento às flores que passaram e em homenagem às novas flores que cultivo. Agradeço pelas pedras atiradas, pelas pedras apanhadas por vontade própria - as pedras de tropeço -. Graças às pedras e as flores da minha vida eu planto sorriso e poesia.

Vander Dunguel
Enviado por Vander Dunguel em 25/07/2008
Código do texto: T1096815