QUASE MÉDICA
Todas as vezes que me perguntam qual é a minha profissão, eu digo logo:
-Sou quase médica.
-Como assim?!
-Letra feia eu já tenho, agora só falta estudar, passar no vestibular e cursar uma faculdade de medicina.
Há alguns anos, nossa filha do meio trouxe uma coleguinha para estudar aqui em casa e, no dia seguinte, ela telefonou:
-Alô! Gisele?
-Fala, Dé!
-Estou te ligando para pedir a receita daquele bolo delicioso, de chocolate, que sua mãe nos serviu no lanche, ontem.
-Espere um pouquinho, que eu vou pegar o caderno de receitas dela.Pronto. Escreva aí: cinco ovos, três colheres de manteiga, duas xícaras de açúcar, duas xícaras de leite, trigo, ovos poucos...
-Calma aí, Gigi! Você já disse cinco ovos, lá em cima! Essa paradinha de “ovos poucos”, quantos você acha que eu devo pôr, hem?
-Ahhhhh... Coloca mais uns três.
Uma semana depois.
-Mamãe, coitadinha da minha colega.
-Uai! O que aconteceu com a Dé, meu Deus?! Tão nova... Tão cheia de vida... Tão bonita...Tão...
-Não, mamãe, com ela, não aconteceu nada. Foi com o bolo, que eu ditei a receita por telefone. Ela disse que ficou in-tra-gá-vel.
-Você ditou certinho, Gi?
-Claro, mamãe! Tive dúvida só na quantidade de ovos.
-Mas está escrito cinco ovos, minha filha.
-Eu vi. Só não sabia quantos “ovos poucos” ela teria que colocar a mais.
-Não, Gigi! É trigo aos poucos!