Se você não leu o primeiro capítulo desta saga capilo-policial, click ou copie o link a seguir e assim entenda toda a celeuma desta história.

                Se você já leu o primeiro capítulo, vá em frente com o texto a seguir.


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             O que ocorreria nos próximos minutos não poderia ser previsto e muito menos revogado.

       A Hemergente, andava de um lado para o outro do salão, e a cada minuto interrompia minha conversa com Law. Num dado momento ela começa a procurar uma de suas ferramentas de infernizar o próximo: o celular.

      A filha  interrompe a busca,  perguntando se ela tinha certeza de ter entrado com o telefone no salão. E ela responde:

    "Claro que sim minha filha, não lembra que eu estava falando com o Clô, quando saía do carro?"

      A filha da Hemergente quis "crescer" em cima da mãe, mas foi a mãe que o fêz. Então a filha teve uma idéia genial:

       "Mãe liga para o seu celular".

     A distinta começa a olhar para todos os lados e como um scanner eletrônico, detecta o meu em cima do parador do Law, ao lado de uma tesoura. Ela me olha, e eu sem jeito, lhe ofereço o celular. Até este ponto,  tudo estava sob o MEU controle, quando cometi o erro do extremo cavalheirismo,  pois não somente lhe ofereci ajuda, como permiti que ela fizesse a chamada sem minha interferência. Digamos que este é um daqueles pontos da nossa vida que chamamos de encruzilhada. Digo isto não no sentido trágico que a palavra adquiriu e sim num ponto de inflexão de uma trajetória qualquer.

       Ela caminha de um lado para o outro com meu celular na mão, até que se ouve um diálogo não muito esperado para aquele momento:

       "Oi benhê.....tudo bem?"
       
        Um silêncio longo atravessa a conversa telefônica.....
        Esse número? Ahhhh é do Law......!!!
        "Quem é ele?" , pergunta o interlocutor anônimo.
        "O cabeleireiro", responde a Hemergente.
        "Sabe que é benhê...eu perdi meu celular e estava ligando para ele, para ver se eu o encontro, mas como nunca ligo para mim mesmo, acabei ligando para você".
   

        Todos os presentes notam algo estranho no ar, principalmente os que lá trabalham.

         A conversa continua e ela se altera um pouco, parecia uma discussão com poucas palavras, mas com muita adrenalina.

         Law me olha como querendo me dizer algo. Muito discretamente ele me diz:

         "O marido dela, meses atrás fêz o maior barraco aqui por ter visto ela com outro cara na praça aqui perto.  O pior é que não tinha nada a ver, era só um homem perguntando sobre uma rua".
          Num lance rápido, a Hemergente vem até mim para devolver o telefone e diz que o marido estava uma pilha pois teve uns problemas no trabalho.

          Sem perder tempo lhe digo:
          "Você tem idéia da encrenca  que você pode ter me metido?"
           "Seu marido por acaso não é traficante nem policial, certo?"
           Na verdade essa última pergunta era somente para quebrar um pouco o gelo......porém a resposta não era o que eu esperava.

         "Ele é delegado da Polícia Federal"
          Pensei comigo....tô fú!!!! Pelo que o Law me disse, o cara é um poço de ciúmes e ignorante que só ele.

          "Mas não se preocupe não, ele é uma gracinha"!!!
           A mulher do Fernandinho Beira Mar deve dizer o mesmo do maridão dela!!!

          "Ele tá vindo para cá....."

          Olhei para o Law e numa comunicação rápida, sem palavras,  entendemos a gravidade da situação e para evitar mais problemas e maus-entendidos, perguntei ao Law quanto tempo ainda restava para eu poder ir embora. Ele termina rapidamente o corte e me chama para lavar os cabelos. Na privacidade relativa desse momento, Law me disse que o  marido dela é completamente louco de ciúmes dela e que a Hemergente já havia contado vários casos de ciúmes dele.

         Law me encaminha para a cadeira de novo para terminar de secar meus cabelos e assim poder sair daquela situação.
         Pago pelo serviço e vou embora.
         No caminho para casa, já dentro do carro, o telefone toca. Era o Law. Na pressa de ir embora, esqueci meus óculos escuros no salão. Ele me ligou para me avisar......do que ainda viria......
        
          Law me diz que o marido da Hemergente chegou 5 minutos depois e que a primeira coisa que ele perguntou ao Law foi o numero do celular dele!!!! Ele informou o número.....que não era o que havia ficado gravado no celular dele. Law me disse que o maridão chamou a Hemergente para fora, para uma conversa. O clima parece que esquentou e a filha teve que intervir. Ele queria saber de todas as formas de quem era aquele celular!!!!

         Depois desse dia, recebi várias chamadas de um telefone, porém sem identificação. Seria ele ou não? De qualquer forma aprendi uma lição: mesmo que não seja muito educado, se alguém precisar usar seu telefone, pense bem e veja se não é mais seguro dizer que você está sem crédito ou coisa que o valha. Melhor passar por um "duro" que nem dinheiro tem para pagar os créditos do celular, que ter que fugir de um insano ciumento e ainda por cima delegado da Polícia Federal.

      Só espero não me transformar em notícia policial....já bastam as que vemos todos os dias na TV.