E A IMPORTÂNCIA SENHOR, NÃO É MAIS NADA?
Imagine só meu caro leitor/leitora, enquanto o mundo – e aí obviamente incluída está a França - curva-se diante à clarividência literária de Paulô Coelhô, eu brasileira-nordestina ( com muito orgulho, né não Mônica?), metida a besta, queimo as pestanas tentando ler Homero, onde encontro em sua Odisséia, um linguajar como este: “ O sol, do pulcro lago ressurgido, / em céu de bronze alumiava os deuses / E n’alma terra os homens no abordarem / A celsa Pilos de Neleu fecunda,/ Em cuja praia ao crini-azul Netuno / Touros em tudo negros imolavam:/ (...)
Quando mais fácil seria debruçar-me sobre os escritos do “mago” em evidência e solver dele, ensinamentos profundos sobre a vida, tais como: “ Um homem que mantém os olhos fixos no sol termina cego. A vida é exatamente o oposto da morte. Você vai morrer... Pode ser daqui a cinqüenta anos, mas cedo ou mais tarde, você vai morrer”. Diante do exposto, como duvidar de tão clara sabedoria?
E não importa que, Diogo Mainardi, da revista Veja, travestido de crítico literário, o tenha chamado certa vez de “periquito de realejo” e os leitores de gosto mais sofisticado o tratem como um “débil mental de sorte”. Do alto de seus milhões de dólares, ganhos pelos livros publicados em mais de 22 idiomas, tendo em mãos as críticas favoráveis de Christian Charrière, que escreve no jornal Le Fígaro; do escritor e crítico literário Frèderic Vitoux, que assina uma coluna na Le Nouvel Observateus. Dos aplausos de Alain Hayache, dono da pulicação Réponser e Tout e escritor também, cabe agora, a Paulo Coelho, cobrar de quem lhe torce o nariz – e eu aqui me incluo – o seguinte: “ L’ importance! Monsier, n’est-ee rien? Le respect dês sots, l’ebahissement dês enfants, L’envie dês riches, Le mépris Du sage?”
Falou-se de livros..., da França, que faz lembrar Voltaire, que por sua vez jamais apreciara o filósofo Jean-Jacques Rousseau e suas idéias. A História conta que certa vez Voltaire escreveu a Rousseau, que lhe enviara seu livro “Discurso sobre a Origem da Desigualdade”, pregando a “volta ao natural”, dizendo o seguinte: “Acabei de receber seu último livro contra a espécie humana, e agradeço, ninguém foi tão refinado quanto o senhor na tentativa de reconverter-nos em brutos. A leitura de seu livro produziu um desejo de voltar a ficar de quatro. Como, entretanto, faz uns sessenta anos que deixei de exercer tal prática, sinto que é impossível para mim voltar a ela”.
Ainda assim, quando as autoridades suíças queimaram o livro de Rousseau, Voltaire, defendeu-o, lançando seu famoso princípio: “ Não concordo com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo”.