Vamos Discutir?


Faço parte de várias listas de discussão pela Internet. São grupos de pessoas que trocam mensagens entre si, ajudando umas às outras com suas próprias experiências, na solução de problemas ou na realização de projetos. Também podem servir para partilhar textos interessantes ou piadas e figuras divertidas.
Eu participo de listas profissionais e outras de generalidades, relacionadas aos meus muitos hobbies e paixões, como aquarismo, jardinagem, cachorros, artesanato, música, tênis e humor.
Algumas listas são moderadas, ou seja, uma ou mais pessoas filtram as mensagens, de modo que só circulam e-mails relacionados ao tema da lista. Discussões desnecessárias e alheias ao interesse geral, são bloqueadas. A maioria das listas profissionais e algumas das de hobbies são assim. O inconveniente dessas é que, se o moderador não tem muito tempo, as mensagens ficam bloqueadas por vários dias, até semanas e, quando chegam até nós, vêm aos montes, dificultando a leitura. Para piorar, perde-se o fio da meada de discussões que foram levantadas na leva anterior. Mas, quando os moderadores são participativos, elas são o melhor dos mundos.
A pior coisa num grupo de discussão é o mal-entendido. E-mail não sorri. Uma expressão mal usada, mesmo que, com a melhor das intenções, pode gerar batalhas verbais homéricas, onde muitas mensagens bomba são lançadas, cada uma mais malcriada que a outra, envolvendo mais e mais gente a cada petardo. Parece briga de bar, sabe, aquelas de filme americano? Depois de muitas cadeiras e garrafas virtuais voarem, alguns cyber-braços quebrados e umas duas ou três baixas, sempre acompanhadas de despedidas lacrimosas, a turma do “deixa disso” entra no esquema com seus muitos panos quentes e tudo volta à paz. Até algum desastrado abalroar outro melindroso, numa curva mal sinalizada dos bits e bytes.
A maior parte desses imbróglios seria evitada pela simples adoção de uma regrinha simples: a cordialidade em primeiro lugar. Mas, se no mundo real as pessoas estão sempre em pé de guerra por qualquer coisinha, que dirá no anonimato seguro dos contatos virtuais?
Embora a maioria das pessoas que participam de grupos tenham boas intenções, sempre há um espírito de porco. Já presenciei casos clínicos de múltiplas personalidades. Pessoas que cadastram-se nos grupos com dois ou mais endereços de e-mail diferentes, criam verdadeiras novelas em torno de suas personagens e, normalmente, levam os demais participantes a tomarem partido, provocando a cizânia. É um método razoavelmente prático de destruir um grupo não moderado, desde que o “transtornado bipolar” lembre-se de nunca confundir as personagens e seus e-mails. Foi assim que vi serem desmascarados alguns desses artistas.
Existem também as "pequenas autoridades". Proprietários, moderadores ou outros reles mortais que decidem pôr ordem na casa, criando ainda mais confusão. Com suas constantes intervenções, às vezes ríspidas e grosseiras, acabam inibindo os outros participantes, o que funciona como justificativa para a maioria das pessoas, que prefere apenas receber as mensagens, nunca enviando nada. Muito mais confortável, com toda certeza, embora menos enriquecedor. Eu mesma parei de enviar mensagens para um dos grupos de que faço parte, cansada de levar “puxões de orelhas” da moderadora. Na última vez, veio me advertir de que as propagandas de blogs são proibidas, quando, só o que eu fiz foi enviar uma imagem e citar a fonte, coincidentemente, um blog. Não foi propaganda pela propaganda.
Também há aquelas figurinhas premiadas: os caras que só mandam foto de mulher pelada, as meninas que só enviam textinhos cuti-cuti, as taradas que mandam fotos de bombeiros pelados (fixação desse povo com bombeiro!!), aqueles que respondem a tudo o que você repassa, mesmo que você envie para trezentas pessoas usando cópia oculta e o comentário delas seja uma interminável cadeia de Ks.
Tem aqueles que vez por outra ouvem o capitão Nascimento (pede pra sair!) e mandam mensagens para o grupo, pedindo para sair. Saber entrar nas listas, todo mundo sabe. Sair sozinho é outra história. Mesmo que, na maioria dos grupos de que participo, o rodapé de todas as mensagens que circulam tenha as instruções necessárias para isso.
Se eu fosse psicóloga, usaria os grupos de discussão como laboratório de pesquisa.
Aliás, vamos esquecer os psicólogos. Um dos grupos de que participei era freqüentado por vários deles. Até os palavrões em uma piada citando a Dercy seriam motivo para análise pela turminha, fazendo-me sentir uma doida de pedra. Saí, claro. Eles eram chatos demais!
Mas, o mais curioso é observar quanta gente sem senso de humor participa de grupos de piada. Chega a ser engraçado. Mande uma piada machista e haverá sempre uma feminista recalcada para reclamar. Envie piadas sobre os gaúchos e a gauchada (não todos, claro! só uma ridícula minoria) apela logo. Outro dia levei uma bronca por causa de uma piada sobre mães de políticos... Fui quase proibida de contar piadas sobre mães. Obviamente ignorei a proibição. Já disse e repito, perco o amigo, o emprego e o casamento, mas não perco a oportunidade de uma boa piada. Quem não achar graça exclua, quem achar, repasse.
E se prepare para as conseqüências.


Imagem daqui.