Como vencer na vida em 5 lições (Cap I)
Adoro livros de autoajuda. Eles ajudam de verdade... quem os escreve...
Quem conseguiu vencer na vida deve realmente passar o pulo do gato, desde que paguemos pelo nosso pretenso sucesso e pelo quase certo sucesso da publicação. Tiragens esgotadas, sucesso na certa... E passa a ser a palavra escrita a ordem do dia.
Tudo é marketing. Vamos começar pelos próprios escritores da modernidade:
Alguém escreveu coisinhas inocentes, mas de uma beleza sem par. O editor certo teve uma dor de barriga na hora certa, deu aquele lampejo de inspiração e fez um ícone da literatura: livros e livros vendidos assim que foram lançados... Ninguém quer saber se os grandes pensadores da história são plagiados - isso dá trabalho pra investigar. Até porque é só mudar uma palavrinha aqui e ali e a obra se faz prima...
Ainda bem que as casas esotéricas estão falindo e os incensos de canela não empesteam mais meu nariz. Junto com elas surgiram os anjos, os escritores dos anjos, as bruxas do bem, do mal, os adoradores da lua, da dieta verde e das mandalas. Cartomancia, astrologia, meditação, acupuntura, shiatzu, feng shui, amuletos, uma variedade de culturas, crenças e modismos misturados no mesmo saco.
Surgem os escritores acidentais, ou melhor, nesse percurso acidentado. Estantes de livros nas lojas abarrotadas e que esvaziam rapidamente. Muitos ganham em cima daquela figura que se destacou para dar tantos ensinamentos ao povo que nem a Bíblia conseguiu dar. A Academia Brasileira de Letras entra na dança bigbrotheana e tende a achar que sucesso em vendas é sinônimo de cultura. Afinal, escritores que lá "residem" estão dando cheiro de mofo.
O que aconteceria com Bilac se nenhum diretor de TV desse na veneta de fazer um especial com sua obra ou se não tivessem feito um samba enredo pra ele?... Tadinho de Bilac... Nem assim está na boca do povo. E olhem que ele falava em estrelas bem antes desses de hoje.
Analisem bem a pergunta: "Pode-se fazer a contração de um pronome pessoal reto com uma locução prepositiva, se este vem antes do verbo?". Antes de eu discorrer sobre gramática, uma vez que eu não sei nadica de nada, e o que sei aprendi no primário, permitam-me perguntar se quem vende livros de montão tem contratado no pacote um revisor de texto.
A Internet veio pra avacalhar mais ainda Bilac. Drummond ficou pop. Fernando Pessoa é formatado com florzinhas para o dia dos namorados. Escritores, muitas vezes sem valor, fazem sucesso quando conseguem provar que são os donos de certos textos que correm por aí, e que Vinícius não fez apologia aos amigos, que Quintana não falou em borboletas, nem Veríssimo abrigou um absorvente íntimo em suas calças.
É assim é? Então, vou aderir ao barato da coisa e fazer livros e roteiros de autoajuda. Falarei de anjos, mostrarei como o amor é lindo, como a amizade é construtiva e como a fé salva. Só acho que terei que escolher outro dia, porque hoje não consegui recitar meus mantras. Mas amanhã escreverei sobre as cinco lições para se fazer sucesso na vida...
Adoro livros de autoajuda. Eles ajudam de verdade... quem os escreve...
Quem conseguiu vencer na vida deve realmente passar o pulo do gato, desde que paguemos pelo nosso pretenso sucesso e pelo quase certo sucesso da publicação. Tiragens esgotadas, sucesso na certa... E passa a ser a palavra escrita a ordem do dia.
Tudo é marketing. Vamos começar pelos próprios escritores da modernidade:
Alguém escreveu coisinhas inocentes, mas de uma beleza sem par. O editor certo teve uma dor de barriga na hora certa, deu aquele lampejo de inspiração e fez um ícone da literatura: livros e livros vendidos assim que foram lançados... Ninguém quer saber se os grandes pensadores da história são plagiados - isso dá trabalho pra investigar. Até porque é só mudar uma palavrinha aqui e ali e a obra se faz prima...
Ainda bem que as casas esotéricas estão falindo e os incensos de canela não empesteam mais meu nariz. Junto com elas surgiram os anjos, os escritores dos anjos, as bruxas do bem, do mal, os adoradores da lua, da dieta verde e das mandalas. Cartomancia, astrologia, meditação, acupuntura, shiatzu, feng shui, amuletos, uma variedade de culturas, crenças e modismos misturados no mesmo saco.
Surgem os escritores acidentais, ou melhor, nesse percurso acidentado. Estantes de livros nas lojas abarrotadas e que esvaziam rapidamente. Muitos ganham em cima daquela figura que se destacou para dar tantos ensinamentos ao povo que nem a Bíblia conseguiu dar. A Academia Brasileira de Letras entra na dança bigbrotheana e tende a achar que sucesso em vendas é sinônimo de cultura. Afinal, escritores que lá "residem" estão dando cheiro de mofo.
O que aconteceria com Bilac se nenhum diretor de TV desse na veneta de fazer um especial com sua obra ou se não tivessem feito um samba enredo pra ele?... Tadinho de Bilac... Nem assim está na boca do povo. E olhem que ele falava em estrelas bem antes desses de hoje.
Analisem bem a pergunta: "Pode-se fazer a contração de um pronome pessoal reto com uma locução prepositiva, se este vem antes do verbo?". Antes de eu discorrer sobre gramática, uma vez que eu não sei nadica de nada, e o que sei aprendi no primário, permitam-me perguntar se quem vende livros de montão tem contratado no pacote um revisor de texto.
A Internet veio pra avacalhar mais ainda Bilac. Drummond ficou pop. Fernando Pessoa é formatado com florzinhas para o dia dos namorados. Escritores, muitas vezes sem valor, fazem sucesso quando conseguem provar que são os donos de certos textos que correm por aí, e que Vinícius não fez apologia aos amigos, que Quintana não falou em borboletas, nem Veríssimo abrigou um absorvente íntimo em suas calças.
É assim é? Então, vou aderir ao barato da coisa e fazer livros e roteiros de autoajuda. Falarei de anjos, mostrarei como o amor é lindo, como a amizade é construtiva e como a fé salva. Só acho que terei que escolher outro dia, porque hoje não consegui recitar meus mantras. Mas amanhã escreverei sobre as cinco lições para se fazer sucesso na vida...