manhã de chuva

terça feira, junho de 2006.

O dia amanheceu sombrio, truncado, inápto para sair. Mesmo assim, decidi atrever-me na circunstância proposta, e saí, mesmo sem coragem ou, como se diz, sem vontade. Passei por inúmeras pessoas que iam e vinham, como que formigas. Uns(as) com destino certo. Outros(as) indecisos, quase que perdidos sem saber onde ir.

Olhavam-se uns para os outros com olhar, muitas vezes, de quem quer perguntar ou dizer alguma coisa. No entanto, nada se pronunciava de um para o outro. E eu, como que um daqueles espiões que não se preocupam com nada, senão, com o comportamento dos indivíduos os quais está acompanhando, fiquei parado diante das paredes das lojas como quem nada quer e querendo tudo.

Pois bem, tentei disfarçar, virar os olhos para um lado, para o outro. Tentei de tudo. No entanto, nada resolvi. Quanto mais disfarçava, mas aqueles olhares fundiam-se em busca dos meus. Daí, não deu outra. Pimba! voltei novamente meu olhar um pouco tímido, disfarçado, sem sentido. Mas olhei. Não suportei aqueles olhos, aquela face, ou se preferir, aquele semblante. De humano, de pessoa. A hora passando desesperadamente. Cheguei ao centro da cidade. Tudo ainda parecia calmo, silencioso, até mesmo pelo frio que fazia. Até que aos poucos, enquanto passava de posto em posto em busca de uma possível vaga de emprego. Puft! Surge uma oportunidade. No meio tempo em que me pus frente á frente com a assistente do RH, ficava imaginando, comigo mesmo, em todo o ocorrido até o presente momento. Pensava comigo. Não queriam aquelas vítimas do dia-a-dia alguma coisa? Sim. Queriam. Mas o que? Queria esperança, um sorriso, talvez. Não importa o que na verdade queriam. O que importa é que com minha timidez, nada pude oferecer, senão uma única, uma única coisa. E esta, na verdade, não dependia de nada. Apenas um olhar.

A hora, no entanto, como sempre. Fugindo às pressas. Fui convidado a ir à em presa, e fui. Fiz uma rápida e boa entrevista, dialoguei com as que me atenderam- que na verdade eram muito simpáticas- e enfim, despediram-me para retornar ao lugar em que estava antes. Entrei, sentei-me na sala de espera enquanto esperava atendimento novamente. Aí foi que se alongou o tempo, como sempre acontece nestes lugares de emprego, pois, a bem aventuda moça que atendia havia saido para almoça - enquanto isso, eu com a barriga roncando fiquei preso, sem poder sair para ao menos disfarçar a fome- mas pacientemente esperei como um bode ao sacrifício. E com poucos instantes mais, a jovem sta chega, entra ao seu receptáculo de reavaliação e, enfim, chama-me enquanto acabo de relatar estes fatos de minha longa manhã de chuva em santo andré. E então a boa notícia! estou empregado........

Joseiton Nunes
Enviado por Joseiton Nunes em 22/07/2008
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