Presente - tempo difícil de conjugar
Estranho que a gente sempre goste mais do que já passou ou do que está por vir. O presente nunca é suficiente. Otimistas pensam "no futuro tudo vai melhorar", pessimistas pensam "eu era feliz e não sabia". Temos uma dificuldade enorme em nos livrarmos das lembranças.
A gente tem a capacidade de sentir saudade de empregos estressantes, de uma faculdade caótica, de namoros fracassados, de amizades superficiais. Insistimos em permanecer em etapas que já terminaram, não encerramos capítulos porque não temos coragem de destruir recordações.
Quem consegue, sem nenhuma dor, livrar-se de presentes, mudar de casa, rasgar papéis velhos, desfazer-se de livros ou de objetos que são desnecessários? Deixar ir, soltar, desprender-se. Tudo isso é um martírio!
O tempo da nossa televisão pessoal não é linear, a gente acaba pegando o controle-remoto e apertando "review" ou "next". Nunca deixamos rolar, isso é muito triste. Poucos são os que sabem aproveitar o momento como se deve ser aproveitado.
Nós não somos mais os mesmos que fomos há dois dias, três meses ou um ano atrás. Portanto, não há porque voltar. Nem seremos os mesmos daqui a cinco anos, as circunstâncias serão diferentes. Na vida nada se mantém quieto, nada é estático. Nenhuma pessoa, nenhum lugar, nenhum trabalho, nada é vital. Chegamos a este mundo livres, e assim devemos (re)aprender a viver.
Eu quero, você quer, dizer que não se deve voltar. Não por soberba, mas porque já não se encaixa aí nesse lugar, nesse coração, nessa habitação, nessa morada, nesse escritório ou nessa profissão. Nossa frequência agora é outra.
Não há necessidade de esclarecimentos. Temos que enfrentar, agora e já! Ninguém vai nos devolver o passado e nem antecipar o futuro. Trabalhemos para estarmos no presente fazendo com que a vida não perca o sentido e a alegria. Sem medo de viver, o universo conspirará para a nossa realização.