O descrédito na Justiça
Tenho mudado um pouco minha linha de comportamento. Não posso segurar a vontade de falar sobre assunto que me interessa e, acredito, é da vontade de todos saber também.
No dia 16 deste mês e ano, lendo notícia da prisão de Salvador Cacciola, havia bem abaixo da reportagem a pergunta “você acredita na justiça brasileira?” O site era a página principal da UOL. Sem a menor cerimônia participei da enquete, onde podia justificar a opinião em poucas palavras. Sempre acreditei no Judiciário; não é um poder corrupto. Se existem algumas maçãs podres, elas são muito poucas, inevitáveis na atividade humana, e que de forma alguma atingem a estrutura da justiça. Respondi assim também à proposição formulada.
Esperei um pouco, lendo notícias diversas e voltei ao local da enquete. Lá estava o meu nome, a opinião e o resultado. Não chamaram os juízes, desembargadores e ministros de marginais por que se o tivessem feito a UOL não publicaria. Mas a grande, avassaladora resposta era pelo total descrédito na justiça. O ministro Gilmar Mendes, por haver concedido habeas corpus a alguns implicados em outro caso, foi crucificado. Ninguém, com raras exceções, opinou pela crença na justiça.
Fato lamentável. O Poder Judiciário ainda merece muito crédito. Contra ele só existe um fato que incomoda muito. É a lentidão de um processo. Os recursos cabíveis são exagerados, e não é falsa a idéia que existe o recurso do recurso! Estas leis processuais merecem revisão séria, naturalmente envolvendo a OAB e advogados de notório saber. Legisladores comuns podem complicar ainda mais a caótica situação. Mas acusá-lo de corrupto é um ato errado e maldoso. Lento, lentíssimo, e às vezes decisões um tanto equivocadas. No Supremo Tribunal Federal podem ser lentas. Estúpidas ou com falta de brilho, nunca. O STF é o guardião dos direitos do povo brasileiro, e demonstra o fato a cada julgamento que faz. Todos os seus componentes são homens de moral e procedimento inatacável.
Pena que o nosso sofrido povo não tenha consciência disto.