PATIFARIA DA COLA
Parecem não saber o limite do perigo. Agem como se fossem deuses, esquecidos que o maior atributo humano é a capacidade de reconhecer o erro.
Julgam-se espertos. São incapazes de perceber o quanto são desastrados, incapazes, ou tolos. Olham-se como se nada os observassem. Fingem-se débeis, enganando a si mesmos.
São verdadeiros artistas na arte da patifaria, são circenses buscando fama a qualquer custo. Verdadeiros malabaristas na arte falida da cola.
Enganam-se ao pensarem que são doutores ou expert naquilo que supõem serem mestres. Esquecem que existem tantos outros mestre. Esquecem também que no palco montado há o senhor do picadeiro, mestre nas diversas artes. Gerenciador dos fatos, das situações.
São personagens diversos daqueles que dizem ser. Ousam serem mestres de algo que não dominam ou que supõem como sues mais altos egos acreditam. Personagens tão distintos, mas com tamanhas semelhanças. Vis, covardes, desajeitados. De fato incríveis, mas inocentes. Não percebem que tudo e todos estão de olhos vivos, devoradores, buscando cada movimento, cada desvio de olhar, cada gesto não involuntário, ou voluntario, se tentarmos relativizar os fatos, argumentos.
Mas se falarmos de personagens, diria que são curiosos, atraentes, hilários. São culpados por incapacidade. São irresponsáveis por não serem humanos. São instigados pelo destino. Agem como animais na busca por sobrevivência. Relutam, reinventam-se constantemente.
Definição “HOMO SAPIENS”, injusta a tão raça que marca pelo brilhantismo, pela capacidade de discernimento. Imprevisíveis, inconstantes, inseguros, dizem-se incompreendidos. Alegam, afirmam, confirmam, de fato são incompreendidos.
Personagens não anônimos, misturados com tantos outros sem nomes, filiação, sexo, religião, escolaridade, enfim sem ação. Rostos tão diversos, mas carregados de angústias, medos necessidades.
Mãos que não se aquietam nos braços, que insistem em percorrer o que lhe é alheio. Algumas calejadas, inseguras, inertes. Definitivamente impacientes. E ainda insistem em serem bobas.
Partes de um todo que se dividem constantemente.
E dos olhos que dizem serem “janelas da alma” mais parecem serem partes da salvação, tão ansiada no final de um percurso. Esses são incertos. Buscam o que lhe servem, o que lhes atraem, o que os interessam, numa tentativa sufocante de salvação, mas perdidos nesta busca. Bocas tão provocantes, ardentes de desejos, mas que agora buscam, arrecadam, juntando informações preciosas, mas com som mudo, ecos abafados na amplidão da sala, sussurros, um desabafo, um pedido de socorro angustiante.
Seus corpos tão impacientes, irredutíveis a preguiça ou a inércia que é exigida dele. Não bem é assim, é neste momento que ele, o corpo, parece não ter noção dessa exigência. Retrai-se. Amplia-se. E dono de movimentos suaves e rudes, mansos e abruptos, parece ser e estar gerenciado por instintos bestiais. Buscando a qualquer custo sua sobrevivência.
Eles parecem não ter domínio das suas ações. Dizem parecer o que não quer dizer que não tenha. Fingem-se de vítimas massacrados por um sistema injusto de avaliação. Dizem serem embriagados com tantas informações, de fato talvez seja parte verdade. O que não significa compactuar com os métodos praticados por eles, nossos personagens anônimos e tão precisos. Personagens vivos de uma realidade absurdamente real.