Para amar não há condições e sim barreiras.
Uma das coisas que a idade me trouxe, além da diabetes, da opinião formada, dores nas juntas, do pensamento individual, cabelos brancos e a certeza de saber onde tenho o meu nariz, foi o conhecimento de que para amar não há condições e sim barreiras.
Ninguém pode controlar o "amor", ou seja, a gente gosta de alguém por causa de coisas inexplicáveis que a pessoa tem e a gente vê; porém, somadas as essas coisas, há outras condições, que não nos servem, que não apreciamos e mesmo que odiamos e que nem sempre vemos, ou tentamos ignorar, na busca desenfreada por "amar, ouvir sinos tocando, ter estrelas nos olhos e um corpo nas mãos". (O T-REX gargalha discretamente.)
Difícil mesmo é conseguir separar umas condições das outras e saber se o tipo de "amor" que o outro oferece é o que nos serve. Por que há qualidades de "amor" que por lindo que seja é melhor que se abra mão dele, antes que ele se transforme numa cadeia emocional seríssima, de onde não sairemos senão cheios das marcas das torturas físicas e emocionais.
Vejamos:
Ele diz que ama, mas é egoísta e individualista. Você aguenta ser coadjuvante do mundo dele?
Ela diz que é louca por você, mas é muito comunicativa, muito mais que você. Você aguenta dividi-la com o resto do mundo?
Ele é doido por você, mas é introspectivo e caseiro; você aguenta participar dessa vida simples que ele leva?
Ela é um encanto e te ama, mas é gastadeira e nunca pensa em guardar dinheiro. Você aguenta viver desse modo irresponsável?
Enfim, o outro está disposto pra te dar amor, mas o tipo do amor que ele ou ela vai te dar é o que serve pra você?
Saber disso é uma necessidade primordial. O desespero de ser sozinho, de estar socialmente "sem par", faz com que as pessoas se lancem em amores que não tem a menor chance de dar certo e todas as chances de dar super errado.
O outro não pode se transformar por que você quer, nem pela ação da sua vontade, ele simplesmente é o que é, como você mesmo. A atitude de tentar modificar sua personalidade para agradar ao outro também costuma resultar em desastres de proporções inimagináveis. Verdadeiros hectatombes emocionais, um dia tudo que ficou represado arrebenta em avalanches de arrependimento, em enchentes de culpa, terremotos de ira, tsunamis de lágrimas. E não adianta mais nada, se já for tarde demais para que a sua vida volte, sem crateras descomunais, ao seu próprio rumo.
Os opostos se atraem, mas só os iguais conseguem coexistir pacificamente, se fizerem pequenas e leves concessões, capazes de ajustar, mas não modificar a rota pessoal, que como o próprio nome afirma, é individual, única e traçada apenas pela pessoa.
O T-REX afirma que por isso é solteiro, e ri na minha cara! Dinossauro atrevido.