SONHO OU REALIDADE?
SONHO OU REALIDADE?
“Brasil de um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança à terra desce”. Sonho é poesia, emoção, sentimento e utopia. Realidade é “Mundo cão”, “Tropa de elite”, “Cidade de Deus”. Se nos dessem a escolher, é óbvio que ficaríamos com o primeiro. Mas, se formos pessoas sensatas e firmes nas nossas convicções usaríamos o sonho como leme, direção e construiríamos a nossa realidade nesse rumo.
Sou uma pessoa realista que idealiza um mundo muito melhor, onde o lirismo toma conta da literatura e a ação do comportamento. Lembro da “História dos três porquinhos”: o primeiro construiu sua casa de palha e o lobo soprou e derrubou-a; o segundo a fez de madeira, que foi facilmente incendiada e o terceiro a executou em tijolos e cimento, sem estar exposta ao perigo de furação ou pirotecnia. Este viveu no desafio, que deve ser vencido a cada nova tentativa do mundo, que tenta desestabilizar o próximo em vez de ser “o bom samaritano”.
Todo aquele que aceita a sua realidade e busca melhorá-la, dentro de suas próprias circunstâncias de vida, é um vencedor. Pode ter dificuldades e tropeços, mas, no fim, tomará as rédeas da vida em suas mãos e , para quem vive do sonho, dentro de uma redoma, fora da gravidade terrestre, está reservada uma decepção e frustração a cada minuto. O desejo de felicidade é inerente ao ser humano, mas, o que fazemos para consegui-la é fundamental para o sucesso ou o fracasso da nossa existência.
Lembro que, bem pequena, minha mãe me disse: “Você nasceu num dia quatro e quatro é luta; nada na sua vida lhe será dado de bandeja; você terá que lutar, e muito, para conseguir os seus objetivos”. De onde ela tirou isto, eu não sei, mas, o fato é que minha vida tem sido uma guerra, com batalhas quase que diárias. Não reclamo, porém. Acho que o exercício da peleja me fez mais rija e a alegria das pequenas vitórias, mais feliz comigo mesma. Não sou nenhum “Alexandre Magno”, mas tenho meus dias de “Napoleão” (com a megalomania e a loucura). Se não fosse assim, não daria valor aos pequenos ganhos, como que vivem de sonho e as pequenas coisas são desprezíveis . Só a felicidade total é desejada e aceita como realização plena, para satisfazer a sua ambição. Isto é impossível, pelo menos nesse mundo.
Volto à primeira frase do meu texto, contida no nosso Hino Nacional. O Brasil vive de quimera: “verás que um filho teu não foge à luta”. Não existe, na face da terra, um povo mais pacífico e “vai da valsa”, do que o brasileiro que, em cada partida internacional canta que “está disposto a ir às últimas conseqüências”. Enquanto não encararmos essa realidade, continuaremos com as enormes diferenças entre a classe privilegiada e o resto da massa popular. É preciso arrumar um “SONHO COMUM” a todos nós. Um desejo intenso de encarar a realidade e construir o bem de todos, num exercício de cidadania que vai do mais humilde, pobre e ignorante, ao mais sábio, rico e poderoso.
Se conseguirmos isso, não teremos que optar entre um e outro e teremos uma realidade de sonho, numa pátria de irmãos solidários e felizes.
Petrópolis, 20 de julho de 2008