Uma linda juventude
Como soube, por meio de um jornal, e como se sabe talvez (com bastante antecedência) pelo (sub)mundo de (pseudo-)roqueiros, malkavianos raquíticos (e punheteiros), fãs de Jaspion e Naruto (ou Narutô, se o caso for), otakus, (miguxinhos) emos e rpgistas de plantão (e dados na mão), acontece, no Ceará, esta semana, a sexta (e se Alá é pai, derradeira) edição de um evento que envolve animês e mangás!
E eu, como diz a Lenda, "afro-japonês de nascença" (haicaísta), "ronin do Cangaço", "caboc(l)o do Kabuki", quase "gay(sha)", "apreciador de sushi de piaba" (e sem os tais pauzinhos, pelo amor de Deus) e "máximo e honorário representante da cultura japonesa no Estado", não poderia deixar de lamentar em mais uma página de meu calhamaço (de uns tempos pra cá, mais intangível que nunca) o fato de não ter sido aqui, no Piauí, esse encontro ( = evento, sabá, orgia mítica, nerd e espiral)!
Como riria daquelas fantasias estrambóticas, com caldas de dragão, vestimenta de robôs ou espadas de samurai...
E ainda mais: Daqueles que aprenderam o Nihongô, não por uma questão cultural, mas simplesmente pra se comunicar entre si, como em uma espécie de nova tribo, em que alguns se sobressaem por isto, e lutam (aos berros) como se estivessem n'algum daqueles desenhos de lá da terra do Sol Nascente!
- Ei, (não) morra! Gambatê ( = força, coragem ...entre outros sentidos)!!
- Aishteru ( = eu te amo)...
Todo um escapismo, característica de boa parte da Juventude d'agora, por quem não lamentaria mais Caetano e outros nossos em famosos festivais e manifestações que terminassem em putaria.
E quase meio século se foi desde que isso aconteceu (e acontece ainda)!
Mas o que essa mesma criançada [aproximadamente dos 16 aos 36 anos(?)] não vê (com mais informação, contudo, a seu dispor em relação à época do cantor e compositor baiano) é que, mesmo o Japão da alta tecnologia e rigidez escolar e profissional, perde também um bom quinhão de seus jovens pra se bitolar em jogos, gibis, roupas e acessórios (embora fature milhões com isto).
Sem contar com aqueles outros (mais rapazes que moças, americanizados, cabelos espetados, trajes de estudante) que não chegam a um cargo melhor e são ditos "perdedores", mastigados ou massacrados pela máquina (de fazer dinheiro) nipônica em uma guerra sem tréguas, urbana e capitalista.
Porém, a esse escapismo [de certo modo, justificável e do(lo)rido] os olhos tupiniquins não arregalam como em um mangá ou animê, né?
(Boca fechada ou quase inexistente, caro autor)
Pra que também, se há sempre um gibi ou jogo melhor pra curtir? E o negócio é fugir...
Adieu.
Teresina, 13-07-08