UM CASO MACABRO
 
O que conto agora ocorreu bem próximo ao natal. Porém um acontecimento tão hilário, que por ser um tanto assim se tornou muito estranho e assim a todos comoveu. Pois diante o quadro que registrei, vi um caso se tornar realmente medonho.   
Era pleno mês de dezembro, bem perto o réveillon. Um mês cheio de alegria e repleto de sonhos e fantasias. Todos naquela embarcação desprendiam solidariedade dentre os demais.
Nosso comando era no momento um dos melhores. Tínhamos sempre atenção. Não sei o porquê, talvez por  estarmos numa data onde nos sentíamos ser irmãos, ou se por outra qualquer razão. Mas estávamos saltitantes.
E felizes, dizíamos a todos que seria para todos; um natal especial. Atracamos a embarcação já à tardinha no porto de São Sebastião, litoral paulista. E muitas famílias chegavam. A criançada corria e abraçava seus pais, as esposas abraçavam e beijavam seus maridos e namorados.
Era assim, verdadeiro, terno e belo naqueles momentos. Quando depois de alguns dias recebemos a programação para sairmos. E diante tal programação, logo nos despedimos dos amigos que por certo ficaria no Brasil para gozar de seu devido repouso e dos nossos familiares.
A programação se referia para irmos a dois portos da China, Ningbo e Xangai. Um lugar um tanto excêntrico em relação aos demais. Pois bem, partimos a noite no dia trinta e um de dezembro ao romper de um novo ano. Ouvíamos barulho de fogos e o bater do nosso coração lamentando.
Para dar seguimento, e resumir um pouco até mesmo meu sofrimento por ter sentido na pele aqueles momentos que jamais esquecerei. Encurto aqui um pouco os fatos de uma história medonha. Quando já passados alguns dias, no total da viagem são mais ou menos trinta, trinta e seis, isto numa boa velocidade.
Quando de repente pressentimos a falta de alguém. Numa viagem que certamente só se vê céu e mar. Noite e dia passam de repente. Já se passava mais ou menos uma semana, isto bem próximo a Madagascar, África do Sul. Quando, neste discorrer, encontramos o corpo da esposa de um companheiro. Fora aquele, pega pra capar, aguçando assim a curiosidade de todos, curiosos para saber como tudo teria acontecido. E qual o motivo deste acontecido. O comando procurou logo abrir algum inquérito para descobrir tudo aquilo. As suspeitas recaíram sobre todos nós.
E enquanto procuravam averiguar o caso, arribamos a embarcação para algum porto estrangeiro e procurávamos permissão para despachar o corpo para o nosso país de origem, sem ter sequer nenhum êxito. Coisa que muitos daqueles portos estrangeiros se negavam a aceitar o desembarque do corpo. E assim devido o corpo já estar pútrido e em decomposição tivemos que o corpo preparar para um cerimonial, nada tão simples. Teria que jogá-lo ao mar. Que triste ocasião, que caso macabro desde então, todos assim lamentavam e o nosso companheiro mesmo em desespero, confessara o o ocorrido dizendo ser motivo de alguma premeditado por causa de alguma traição.
Assim tudo ocorreu. O companheiro logo foi aprisionado e entregue a aduaneira. Alfândega ou polícia marítima. Voltamos logo após para o Brasil em total consternação