PORTAS E PORTAS
À Içami Tiba
Quando a porta trancou, me fisguei como um peixe emaranhado na rede sem fim, em pensamentos cheios de lógica irreal.
Parei e pensei que, se pudesse, jamais fecharia a porta. Mas qual delas se há tantas que se fecham constantemente em minha vida?
Talvez não saberia decidir-me por uma.
Sei que isto é normal, mas...
... será que todos aceitam este fechar? E será que a cada porta trancada não representa uma outra, entreaberta, pela qual posso sair da sala?
Reclamar dessas portas é fácil e, pensando bem, lá dentro, posso ver que por diversas vezes me tranco ao mundo em que vivo. Fugindo então, da realidade natural que me cerca., fecho a porta.
As portas, mesmos sozinhas, se fecham e então surge o momento de tentar reabri-las. Se não estas, talvez outras e outras ainda, havendo sempre uma que fique aberta. Um dia, quem sabe, se cerrem e nunca mais possam dar passagem. Mesmo assim serão lembranças permanentes da entrada ou saída de algo ou alguém.
Até parece importante o abrir e fechar de portas. Não o é ?
Saiba que não são somente simples obstáculos, mas de fato são pontos determinantes da vida, onde devo decidir entre ficar onde estou, sair da casa ou ir para o quarto, vendo que existem outros caminhos a seguir, outras portas a ultrapassar.
Quem sabe em uma dessas outras portas eu encontre vida, liberdade, existência, amor e algo mais?
Pensei que, em tantas portas fechadas, bem no meio delas, há uma que constantemente está aberta e não podemos jamais deixar que se cerre. Nela existe uma palavra que representa o desejo de continuar:
“Esperança”.
Portas abrem, fecham, se encostam, se entreabrem, mas são e sempre serão simples portas.
Depois eu abro aquela que fechei.