Chama-se Moirata esta beleza. É curiosa. Gosta imenso de socializar com os humanos a quem observa com profunda demorada atenção.
Creio que Moirata nunca percebeu muito bem como é que nós nos equilibramos só sobre duas patas, mas inteligente como é, resignou-se a não nos entender e aceita-nos tal como somos. Só que ainda hoje olha com a mesma e intensa admiração qualquer pessoa que se aproxime. É como se se perguntasse porque é que este anda com duas patas a abanar, em vez de andar com quatro no chão como todo o bicho que se preze.
O dono, o Senhor Francisco Gomes, da Costa do Lajedo, garantiu-me que Moirata sempre foi uma vaca especial. Mansinha, amiga do seu dono, incansável ruminadora e generosa produtora de leite. Generosa na quantidade e sobretudo na constância da sua produção.
E é exactamente aqui, no capítulo da persistência da sua produção láctea que a peculiaridade de Moirata faz dela uma vaca realmente fora de série. Isto se fosse na América, a minha Moirata ia para o Livro dos Recordes, dizia-me outro dia o dono. Creio que o querido amigo e Senhor Francisco Gomes se queria referir ao Guinness World Records. E, se queria, ele tem toda a razão. Moirata merece um lugar de destaque, possivelmente um primeiro lugar, no inventário dos recordes vacuns das Flores, dos Açores e talvez do mundo inteiro. É que Moirata já aleitou duas vezes sem dar cria.
A última vez que teve cria foi há três anos. Deu então à luz uma linda bezerrinha, deu leite durante todo o ano como qualquer vaca digna desse nome, e no fim da época secou.
Mas nunca quis boi, conta o Senhor Gomes. Cheguei a pensar que tinha da tirar para carne. Passou-se o Inverno e ela sequinha como um tamujo! Eis senão quando...
Chega-se à Primavera de 2007, e Moirata começou a amojar e pronto, daí a nada dava leite como se tivesse namorado o toiro mais capaz de todo o sul da ilha, e tido a cria mais rechonchuda do mundo. Ao longo do ano passa-se a mesma coisa. Moirata não quer companheiro. Só que o Senhor Gomes já não se preocupou tanto. Deixou-a em paz e sossegada castidade. Havia de ser o que fosse...
E foi o seguinte: no início da época presente, na altura em que as outras vacas da Costa e do Lajedo pagavam as favas dos seus deleites amorosos, mugindo com a dores do parto, o úbere da casta Moirata foi-se avolumando, aleitou e aí está ela, em pleno 2008, a dar de novo dez litros de leite à ordenha.
Já contei esta história a meia dúzia de pessoas, mas ninguém me acredita.
Ou acham que eu estou mangando ou que acredito ingenuamente nas patranhas que me dizem. Mas isto é a pura verdade, por mais que pese a todos os touros amorosos que por aí haja, e aos inseminadores artificiais que naturalmente se sentem ameaçados.
Acautelem-se, porque se a moda da Moirata pega e se espalha pelo universo vacum que nos rodeia, vai haver por aí muita seringa inútil.
Creio que Moirata nunca percebeu muito bem como é que nós nos equilibramos só sobre duas patas, mas inteligente como é, resignou-se a não nos entender e aceita-nos tal como somos. Só que ainda hoje olha com a mesma e intensa admiração qualquer pessoa que se aproxime. É como se se perguntasse porque é que este anda com duas patas a abanar, em vez de andar com quatro no chão como todo o bicho que se preze.
O dono, o Senhor Francisco Gomes, da Costa do Lajedo, garantiu-me que Moirata sempre foi uma vaca especial. Mansinha, amiga do seu dono, incansável ruminadora e generosa produtora de leite. Generosa na quantidade e sobretudo na constância da sua produção.
E é exactamente aqui, no capítulo da persistência da sua produção láctea que a peculiaridade de Moirata faz dela uma vaca realmente fora de série. Isto se fosse na América, a minha Moirata ia para o Livro dos Recordes, dizia-me outro dia o dono. Creio que o querido amigo e Senhor Francisco Gomes se queria referir ao Guinness World Records. E, se queria, ele tem toda a razão. Moirata merece um lugar de destaque, possivelmente um primeiro lugar, no inventário dos recordes vacuns das Flores, dos Açores e talvez do mundo inteiro. É que Moirata já aleitou duas vezes sem dar cria.
A última vez que teve cria foi há três anos. Deu então à luz uma linda bezerrinha, deu leite durante todo o ano como qualquer vaca digna desse nome, e no fim da época secou.
Mas nunca quis boi, conta o Senhor Gomes. Cheguei a pensar que tinha da tirar para carne. Passou-se o Inverno e ela sequinha como um tamujo! Eis senão quando...
Chega-se à Primavera de 2007, e Moirata começou a amojar e pronto, daí a nada dava leite como se tivesse namorado o toiro mais capaz de todo o sul da ilha, e tido a cria mais rechonchuda do mundo. Ao longo do ano passa-se a mesma coisa. Moirata não quer companheiro. Só que o Senhor Gomes já não se preocupou tanto. Deixou-a em paz e sossegada castidade. Havia de ser o que fosse...
E foi o seguinte: no início da época presente, na altura em que as outras vacas da Costa e do Lajedo pagavam as favas dos seus deleites amorosos, mugindo com a dores do parto, o úbere da casta Moirata foi-se avolumando, aleitou e aí está ela, em pleno 2008, a dar de novo dez litros de leite à ordenha.
Já contei esta história a meia dúzia de pessoas, mas ninguém me acredita.
Ou acham que eu estou mangando ou que acredito ingenuamente nas patranhas que me dizem. Mas isto é a pura verdade, por mais que pese a todos os touros amorosos que por aí haja, e aos inseminadores artificiais que naturalmente se sentem ameaçados.
Acautelem-se, porque se a moda da Moirata pega e se espalha pelo universo vacum que nos rodeia, vai haver por aí muita seringa inútil.