NADA MAIS ME ESPANTA
Sou o que se pode chamar de uma escrevinhadora de fôlego curto, contudo, gostaria de hoje dar o ar de minha graça abordando um tema profundo. Mas qual nada, cadê o fluir? Os temas comuns se repetem, as perguntas se perpetuam, as inquietações idem.
Falarei, pois, sobre o quê... Dos males do mundo; das experiências das células-tronco direcionadas para a cura dos tetraplégicos e demais doenças tidas como incuráveis...
Dos males espalhados pelo mundo não sei se a culpa cabe a Zeus ou a Epimeteu. Zeus porque presenteou Pandora, mulher de todas as graças e talentos com a famosa caixa que se tornou conhecida como a “Caixa de Pandora”, onde estavam guardados todos os males. Epimeteu marido de Pandora, porque abriu a caixa. Caixa aberta, miséria solta a campear mundo a fora. Se bem que Zeus tinha lá os seus propósitos, sabia o que estava fazendo: deixou no fundo da caixa a esperança e dela vivemos até hoje.
Quanto às células-tronco, do resultado positivo das experiências não sei dizer nada não, mas sei uma historinha que li e passo à frente, sem a devida permissão da escritora Lya Luft, que contou em seu livro “O Rio do Meio”: um tropeiro idoso no interior quando lhe contaram, em volta do fogo, que o homem chegara à Lua, onde muitos protestaram que era impossível, era coisa de gringos, tudo truque de televisão, ele baforando seu cigarro de palha contemplou a chama, refletiu um pouco e disse: Eu, depois que inventaram a máquina de debulhar milho, não me admiro de mais nada.
Com saudade do cigarro, que não era de palha e que larguei faz tempo, contemplando coisa nenhuma, refletindo sobre a mesmice da vida, o mesmo estado de coisas, a mesma pasmaceira, só me resta dizer feito o velho tropeiro: nada mais me espanta.