DE AMENIDADES

Fernando Sabino deixou dito que a crônica não é bem um gênero literário, é uma "coisa" simples, amena. Por sua vez, o jornalista e cronista Otto Lara Resende afirmou que ninguém tem mais tempo de ler as chamadas amenidades. Isto está registrado numa crônica sob o título “A defunta, como vai?”, que trata se morreu ou está morrendo a tal da crônica, escrita pelo já citado saudoso cronista Otto Lara Resende, levando em consideração opiniões dadas pelos cronistas vivos da época.

Entre essas opiniões cita as seguintes: de Nelson Rodrigues, que se saiu com esta:” De vez em quando, chega um e mata um gênero literário. Anunciaram até a morte da palavra. A verdade é que ninguém morreu. Nem o romance, nem a poesia, nem o teatro, nem a crônica. Se o público abandonou certos cronistas, é porque nada tinham a dizer. O silêncio lhes assenta muito bem”.

Já Clarisse Lispector, também sob o mesmo tema, afirmou que não sabia fazer crônica e que o criador da “defunta” era o Rubem Braga, no que concordou Fernando Sabino, que o considerava primeiro e único, e acrescentava: o resto é imitação.

Só sei que numa coisa, todos os defuntos acima enumerados, Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Nelson Rodrigues e Clarisse Lispector concordavam: em se tratando de crônica, a “coisa” tem que se amena.

Se é para tratar de amenidades, que tal falar sobre um filme que consegui alugar e assistir ontem por sugestão que me foi dada por alguém que já nem lembro o nome, sob o título “TRANSAMÉRICA”, dirigido por Ducan Tucker, tendo como protagonista Felicity Hudman, o filme trata de um assunto sério e polêmico, conta a história de um transexual, que tenciona fazer uma cirurgia de mudança de sexo e às vésporas da tal cirurgia toma conhecimento de um filho que teve na época da universidade e que deseja conhecê-lo, o rapaz é problemático e vive em New York, então o trans , que mora em Los Angeles resolve conhecer o filho e numa longa viagem de volta pela fronteira do México vão se conhecendo, tem uma hora que o rapazinho começa a desconfiar da mãe ou do pai, se lá e pergunta: boy ou girl?

Falei um pouco do filme, mas não falei o pior, mas direi, direi: por conta desse bendito maledito filme, uma amiga minha terminou um relacionamento, que vos asseguro, ia de vento em popa, só porque ela quis obrigar o amado a assistir o tal do filme, ele fincou o pé e disso que não e não e não ia assistir haja vista não gostar deste gênero de filme, ela então mandou o distinto às favas e agora tá um pra lá outro pra cá. Sei não, viu, eu até que gosto dessa minha amiga, mas que ela tem uma cabeça dura, ah, isso tem...

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 16/07/2008
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