Despedida
O dia amanheceu cinzento, com nuvens carregadas, com cara de domingo em ferias de janeiro. Acordei um tanto chorona hoje, triste, temerosa. Vou despedir-me de meus filhos, e o que ouço me faz quase desistir de tudo. Eles não querem que eu vá, choram, reclamam, me apertam, me beijam. E meu coração fica apertado, choro escondida e não quero deixa-los, ainda que seja por pouco tempo. Nunca me dei ao luxo de viajar, de sair, de passear, vivo pra eles em tempo integral e acho que apesar de ser criticada, de ouvir que eu deveria viver mais pra mim, ainda acho que ajo certo. Eles são minhas escolhas, escolhas que fiz muito cedo, que me deram muito medo e trabalho, mas foram escolhas, poderia não ter tido.
E agora, despedir-me é inevitavel, devo ir e deixa-los, estão com o pai, com auxilio da avó, do avô, de meio mundo de gente, mas ainda assim preocupa-me. E eu tento me convencer de que tudo ficará bem, que eles nem sentirão a minha falta, assim como sentirei deles. Pra quem lê esse texto fica claro meu sofrimento, apesar de saber que vai ter quem ria de todo esse meu desespero pra passar apenas cinco dias num congresso. Cinco dias, pra quem ama e vive pros filhos como eu, é tempo demais!