Decadência
Prólogo:
O alcoolismo é geralmente definido como o consumo consistente e excessivo e/ou preocupação com bebidas alcoólicas ao ponto que este comportamento interfira com a vida pessoal, familiar, afetiva, social ou profissional da pessoa.
O alcoolismo pode potencialmente resultar em condições (doenças) psicológicas e fisiológicas, assim como, por fim, na morte. Trata-se de um dos problemas mundiais de uso de drogas que mais traz custos. Com exceção do tabagismo, o alcoolismo é mais custoso para os países do que todos os problemas de consumo de droga combinados.
Para a maioria das pessoas, o consumo de álcool gera pouco ou nenhum risco de morte, de se tornar um vício. Outros fatores geralmente contribuem para que o uso de álcool se torne em alcoolismo. Esses fatores podem incluir o ambiente social em que a pessoa vive, a saúde emocional e a predisposição genética. O tratamento do alcoolismo é complexo e depende do estado do paciente.
Alcoolismo é uma doença! Entendo, sobretudo, tão funesto mal como sendo sinônimo de DECADÊNCIA.
A voz, antes potente, extremamente varonil está embargada, suave, trêmula e semelhante ao regougar de uma raposa combalida pela fome. As pernas, que demonstravam um vigor excessivo, encontram-se, à semelhança de duas árvores abatidas, inertes, quando a mente foi invadida pela desesperança em uma recuperação da enfermidade que as prostram.
O corpo subnutrido, trôpego, tenso e esquálido é a representação de um atleta antes altivo, quase arrogante, que conspurcava pelo opróbrio os seus semelhantes mais próximos.
Hoje o corpo antes varonil desperta apenas piedade pela perda incontestável da auto-estima e do amor à vida, ao degenerar-se no vício degradante do alcoolismo funesto e sem controle.
As mãos calejadas do profissional zeloso, fortes como tenazes, estão trêmulas e sem forças suficientes para pentear os cabelos em desalinho; exala dos poros obstados, na sujeira acentuada pelo suor frio que poreja, um cheiro forte dos sintomas exacerbados do etilismo.
A decadência visível grita no silêncio da noite, quando o anti-herói se debate entre tubos e máquinas que controlam as funções vitais de uma matéria orgânica em franca degeneração crescente
O rosto vultuoso, cianótico, é uma máscara hedionda; crispado. Muito cedo encheu-se de rugas e o sorriso, antes brincalhão, tornou-se um esgar de dor e sofrimento pelo total descontrole das vontades materiais não mais sentidas.
O homem sem mácula, o cidadão exemplar que arrastava os mais jovens pelo exemplo da probidade; aquele que como um espelho de cristal refletia a limpidez e o encantamento de uma aura esplendorosa, cuja simpatia encampava os pequenos defeitos naturais... nada mais representa, pois debate-se na dicotomia existencial que há muito vivencia.
A arquejante figura, não mais que um farrapo inumano, hoje é a própria excrescência da mais vil representação da subclasse de uma abjeta espécie de sub-raça.
O desprezo da família e de seus pares, envergonhados, bem como as ignomínias e os maltratos sofridos, caem sobre sua face como um dantesco castigo, igual ao retorno da prepotência e despotismo com que tratava seus afins e familiares são como uma manifestação de um fenômeno atávico necessário a sua evolução.
O altaneiro transformou-se apenas e tão somente em uma sombra de seu espírito em decomposição progressiva, decadente e sem retorno.