A vida e o destino
A vida chega a ser sarcástica. Ela ri das próprias tragédias que proporciona aos humanos, prega-lhes peças, envolve-os nas mais diversas armadilhas, fazendo com que a tristeza, o mal-estar e a melancolia tomem conta do palco, levantando as cortinas para o começo do episódio bárbaro da destruição de alguém.
A Luta começa na mente, saindo do imaginário e vindo ao real, destruindo sonhos, impedindo conquistas, tornando fracos aqueles que tinham a vitória como alvo e os desejos e objetivos como ferramentas para escalar a montanha do viver.
A sociedade sempre se faz presente como público fiel, torcendo, aplaudindo, ficando na expectativa que tudo ocorra como no roteiro, no qual o ator principal morre aos poucos no palco, como se o seu fôlego vivente se transformasse no combustível das risadas daqueles que estão banhados no sarcasmo.
O ator caiu, a tragédia começa, a vida mais uma vez prevalece e dita as regras, movimentando-se nos bastidores, fazendo cálculos, escrevendo novos atos sobre o que justamente está por vir.
O futuro? Incerto. A vida? Injusta. A justiça difere nos conceitos, para a vida tudo, para a sociedade tudo, para o ator um fim trágico. Saindo da vida, permanecendo vivo, saindo de cena carregado por contra-regras para o anonimato, noutro lugar, em outro contexto, fadado a começar novamente a construção de uma estrela sem brilho, apagada, escondida, injustiçada, regrada por uma sociedade fatal, narrativa, abusiva e “justa” perante os homens e ideal perante a vida.
Adeus aos sonhos, aos outros, a quem interessar. Saio de cena para poupar-me de um ato concreto, ideal para os outros e indicado aos demais finalísticamente falando.
Morrer, permanecendo vivo, eis minha pena, eis meu destino.