Um menino chamado Brasil
José da Silva Brasil é um menino alegre que adora festas. Gosta tanto de folia que todos costumam dizer que, para ele, o ano só começa depois de uma grande comemoração, geralmente no mês de fevereiro. Mas, vez ou outra, acontece no início de março. Tem fama de sempre estar acompanhado de belas mulheres e prefere as de ancas diferenciadas. Também é conhecido por fazer as suas tarefas sempre na última hora e pelo talento indiscutível na arte do futebol.
Nasceu rico, mas nunca conseguiu usufruir de sua fortuna adequadamente. Quando ainda era recém-nascido foi tirado dos braços fraternos por um homem ambicioso, chamado Juan Espanha. Espanha encontrou Brasil sozinho em uma praia e se aproveitou da fraqueza e ignorância dos pais da criança para roubar as riquezas do menino. Com os pais não teve conversa, o conquistador assassinou sem pudor.
Espanha ficou com a guarda do menino rico por pouco tempo. Preocupado com outras conquistas pessoais foi embora e deixou o menino ao relento, sob a proteção de moradores de aldeias que juraram protegê-lo. Brasil já conhecia seus novos guardiães. Eles haviam tentado conter Juan Espanha outrora.
Pouco tempo depois, no entanto, a história se repetia. Manoel Portugal, assim como Espanha, avistou o garoto de longe.
–Menino à vista – disse Portugal, assim que viu Brasil.
Ao chegar mais perto, Portugal percebeu que os protetores de Brasil não seriam capazes de impedir o rapto. Sim, Portugal era um raptor de bebês ricos. Era prática comum, naquele tempo, os filhos da Dona Europa raptarem garotos.
Não demorou muito e Portugal descobriu que Brasil era um menino muito rico, mais do que Juan Espanha imaginava quando teve a criança nas mãos. Aproveitando-se da riqueza do garoto indefeso, Manoel Portugal explorou as posses de Brasil até não poder mais. Até hoje é possível ver conseqüências no menino devido a criação que recebeu. Por culpa da exploração desumana de Portugal, Brasil ficou para trás, enquanto seu amiguinho John United States aprendia cada vez mais. Ao mesmo tempo que Manoel Portugal – sempre pensando em si próprio e nunca no futuro do garoto – criava de forma errada o Brasil, Elisabeth Inglaterra educou sua cria, John United States, com amor e carinho, pensando em um dia contar com o filhinho no futuro. O que de fato aconteceu.
José da Silva Brasil foi tão mal educado, que mesmo depois de atingir a maioridade e se tornar independente, continuou se curvando aos mandos e desmandos de Manoel Portugal.
O mais viável e correto seria se Brasil consolidasse sua independência com a ajuda de um colaborador chamado José Bonifácio, mas este não o quis e deixou o filho de Manoel Portugal, Pedro P. Alcântara, se tornar o encarregado de levar o menino Brasil ao caminho certo. Pedro parecia gostar bastante de Brasil, mas o P – inicial de Portugal – em seu nome significava que algo não estava certo.
Desconfiadas, pessoas importantes que gostavam e se identificavam com o menino resolveram salvar por definitivo o garoto dos domínios de pessoas que fingiam amá-lo, mas que, na verdade, pretendiam apenas se valer da riqueza do pobre menino. O principal desses colaboradores foi um guerreiro, um homem que pegava em armas e comandava tropas em batalhas. O nome dele era Deodoro da Fonseca. Apesar de possuir tantas armas, Deodoro preferiu salvar Brasil na calada da noite e, sem violência, ficou com a guarda do menino de riquezas infinitas e beleza incontestável. Brasil sempre foi muito bonito.
O menino, no entanto, jamais seria capaz de administrar suas riquezas sozinho. Deodoro e outros colaboradores, então, decidiram que o melhor para Brasil era ser tutelado por pessoas, escolhidas por ele próprio, por períodos de quatro anos cada um.
E assim foi, até que um dia um homem chamado Getúlio Vargas convenceu o menino que as pessoas que estavam cuidando dele não eram de confiança e, além de estarem submetendo Brasil a um atraso endêmico, roubavam riquezas produzidas pelo menino.
Brasil não conhecia muito bem o tal Getúlio, mas daquele momento em diante passariam a conviver um longo romance juntos. Brasil passou a gostar tanto de Getúlio que chegou até a chamar o administrador de suas riquezas de pai dos pobres. Brasil sempre se considerou pobre, apesar de todas as riquezas que possui.
Getúlio ajudou o menino a crescer e enfrentar dificuldades. Aconselhou o garoto a não dar atenção para homens que trajavam roupas vermelhas e nem uniformes negros. Em certa ocasião, influenciado por Getúlio, Brasil resolveu comprar uma briga feia para ajudar o já grande e poderoso John United States e a mãe Elisabeth Churchil Inglaterra – a senhora conservadora casou-se com um homem de confiança chamado Winston Churchil para ajudar a vencer algumas batalhas da vida. A briga entre a família da Dona Europa começou com seus filhos todos brigando por herança de terras, mas, à medida que a gravidade aumentava, outros amigos entravam na peleja. Mesmo tendo mais simpatia pela causa do Sr. Alemanha, Getúlio convenceu Brasil de que o melhor era entrar ao lado de quem States apoiava, pois o poderoso vizinho havia prometido ajudar Brasil a finalmente crescer.
Getúlio teve que parar de ajudar Brasil por um tempo, mas logo voltou. Quando voltou porém, encontrou dificuldades, pois muitos queriam se aproveitar do que Brasil tinha. Apesar de depender da ajuda de amigos como John United States, as riquezas que Brasil tinha e tem faz com que muitos queiram administrar seus bens para ser poderosos e alguns para se tornar mais ricos. Em ato digno de um pai de verdade, Getúlio deu sua vida para que os achacadores e repressores não ganhassem a tutela do menino à força. Parecia ser a única solução, mas, infelizmente, isso apenas adiou o fato.
Inocente, Brasil acreditou em pessoas de má fé, que usaram o pretexto dos homens maus de vermelho, para convencer Brasil de que eles teriam que cuidar das riquezas dos meninos ou tudo estaria perdido. John United States pressionou Brasil para que cedesse. O tempo, entretanto, mostrou que Brasil havia carregado o revólver dos assassinos. Passou por anos terríveis, vendo vários de seus colaboradores mais valiosos esmorecerem e morrer pelas mãos daqueles que disseram ser seus amigos mais leais para enfrentar períodos de turbulência.
Passada essa época, que não deixou saudades nenhuma no coração do inocente garoto, Brasil amadureceu. Mas nem tanto. Voltou a poder escolher quem administraria suas riquezas, e principalmente, depois de tudo que passou por toda a vida, quem o ajudaria a pagar todas as dívidas que teve de fazer, mau aconselhado por seus falsos colaboradores. Quando escolheu, entretanto, não fez certo. Mais uma vez, seguindo os conselhos antigos do pai Getúlio, que sempre disse para ficar longe dos homens de vermelho, Brasil se deu a um desconhecido e aventureiro, porém muito persuasivo. O nome desse novo colaborador escolhido era Fernando Collor.
Arrependido e enfurecido depois de descobrir que seu novo colaborador roubava seus bens para fins próprios, Brasil não esperou para expulsar Collor de seu Planalto, construído por um antigo colaborador muito querido, o JK.
Há pouco tempo, Brasil caiu numa outra armadilha. Um antigo colaborador que havia sido desprezado em outras oportunidades, finalmente, conseguiu convencer o menino a deixar suas riquezas sob seu cuidado. Luiz P.T.Lula é o nome do mais novo algoz dos bens do menino que não consegue nunca usufruir de sua riqueza. Para convencer Brasil, Lula disse:
– Olha só, menino Brasil! Eu evolui muito e quero que você cresça também. Juntos, nóis vai crescer ainda mais. Deixa sua esperança vencer seu medo, homi.
Foi umas das piores besteiras que Brasil cometeu em toda sua vida. Nunca perdeu tantos bens. Esse que disse ser a esperança está arruinando Brasil, mas, mesmo assim, o pobre menino pretende deixar o falso amigo por mais um tempo morar em suas dependências.
A verdade é que Brasil já tem idade suficiente para caminhar com as próprias pernas, sem a ajuda cheia de intenções de States e nem do amiguinho que fez para tentar se salvar, o FMI. Mas, devido a educação precária que recebeu não sabe até hoje cuidar de si.
Por tudo isso, José da Silva Brasil ainda é um menino indefeso e precisa amadurecer se um dia quiser ser grande.