A verdadeira história dos três porquinhos e o lobo mau! (Para Adultos!)
Todo adulto que já foi criança feliz dormiu ouvindo esta fábula. Contos infantis são verdades e mentiras fantasiadas, com personagens irreais, mas de moralidades reais – e que criança – só entende se cada personagem dessa moral for imaginável. E mesmo que seja um bicho falante, um monstro que não existe entre os humanos, elas conseguem assimilar que a única realidade está no que ouvem ou vejam por atos deles e então percebem gratuitamente que a imaginação é poderosa, simples e prática.
Agora, quando crescemos e deixamos a fantasia de lado, pensamos ter aprendido a lição com a imaginação e que tanta moral e reflexão de vida, foram assimiladas de forma casual em cada uma de nossas fases. Mas será que mesmo sendo adultos, ainda não precisamos idealizar nossos sentimentos?
Não, não precisamos, porque como no conto dos três porquinhos, também temos nossos sábios personagens e são reais, nada de animais falantes. Na minha versão adulta dos três porquinhos e o lobo mau, apresento o Ego, o Alter Ego e o Id. Três condições psicológicas e de irmandade irrefutável. Lembrem-se de Freud e sua teoria da psique - Que somos feitos de não só uma, mas algumas consciências.
Id é com certeza o porquinho que construiu sua casinha de palha... Que angariou se proteger por instinto apenas. Como adultos, não se esqueçam de absorver esta comparação como uma criança faria - a de que o porquinho Id foi inocente, leigo e não supostamente imbecil. Ele foi necessariamente simples! Pensou construir seu abrigo para se proteger da chuva, do frio, da noite, do dia, e não do lobo mau. Hoje eu sei que o Id é meu ser instintivo, que interage com as necessidades apenas por satisfação periódica e básica.
Quantas vezes tudo o que mais queríamos ter era só um pouco de tempo, um dia só nosso, um momento de silêncio? Ou apenas um sorriso tão simpático quanto contagiante, um olhar de admiração, um beijo, um abraço, uma palavra... Coisas simples? O Id sugestiona ao nosso ser o que quer e apenas deseja... e o que deseja é tão simplório quanto necessário, completamente básico aos nossos princípios.
Ego seria o porquinho que construiu sua casa de madeira, aquele que gosta de se proteger com aval da praticidade. O Ego é quem busca conciliar o que desejamos com o que podemos ser e ter. Usa os sentimentos práticos para satisfazer nossos instintos (e seu irmão Id). E como na história, é o Ego quem socorre o Id e juntos tentam se proteger do lobo mau.... Ah! Quem é o lobo mau? Só pode ser os conflitos!
Quantas vezes não bastou um abraço ou um beijo, uma palavra e desejamos que um gesto fosse explicado por um sentimento universal? Ou que o silêncio se transformasse em felicidade repentina, ou que aquele sorriso tão cativante fosse mais que isso, talvez a certeza de possuir a alegria daquela pessoa cujo riso antes era só uma manifestação de contento? Coisas não tão simples. O Ego materializa com aparência imprevisível tudo aquilo que ainda não temos, mas que desejamos e sabemos que podemos ter ou ser. Nosso ego depende de argumentos da lógica e da ocasião da emoção para nos definir. Mas, tanta dependência pode desmoronar com as insistências dos problemas e fazer do que somos algo que o mundo quer e não o que a nossa intimidade realmente quer!
O alter ego só pode ser o porquinho que constrói sua casa de pedras, de concreto... porque quer se proteger de tudo como se fosse infalível. Porque tem que ser esperto, tem que provar o quanto é inteligente, enfim, para vencer o lobo mau (os conflitos, lembram-se?)... O Alter ego é a idealização da obrigação por ser e de fato ser aquilo que a sociedade reflete como seguro, correto, inabalável porque é comum a todos.
Quantas vezes aquele sentimento universal pareceu tolo, diante da realidade e suas verdades? Quantas vezes um sorriso foi momentâneo, foi falso, foi convincente, ou não foi nada além de interpretação para conseguir o que se quer e resumindo a moral da história toda, o que se quer (para o alter ego) geralmente é aquilo que os outros querem ver ou ter de você. Ou que você precisar ser para se entender.
Mas de alguma forma, como na história, nossas consciências vencem os conflitos, de algum jeito – sendo simples, práticos ou sendo quem não somos – Conseguimos enfrentar o mundo e seus problemas com todas as nossas facetas. O que é certo ou errado, bom ou ruim, tem-se que questionar a si mesmo e não ao mundo, porque se não bastasse uma consciência, temos três para equilibrar nossos sentimentos e por isso, justamente por isso, também não precisamos idealizar tudo o que sentimos. Devemos entender cada necessidade como fase e cada fase como sopro de insistência pela vida.
Chega de porquinhos falantes, somos adultos e mesmo desde crianças não aprendemos saudavelmente como se entender. Basta-nos ser essa mistura psicológica e materialista e de posse da vida com o mundo, de resto, deixemos que as consciências assimilem com fluidez o que é ser e estar.
Mas para quem ainda não entendeu a moral deste conto adulto dos três porquinhos, entendam -
O ater ego é exercido pelo poder, o id pelo querer e o ego... só faz, fazer!
Fim!