Amigos.

Aos poucos amigos que tenho dedico este texto que não soube onde encaixar.

"É que no peito dos desafinados, bem no fundo bate calado, no peito dos desafinados também bate um coração". (Antônio Carlos Jobim)

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Amigos se perdem no tempo. Hoje estamos unidos, mas amanhã cada qual seguirá seu rumo, o rumo que a vida dará às nossas vidas. Não importa o quão nos afastemos uns dos outros; o que importa é o amor que mantemos hoje uns pelos outros.

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Nunca fui de ter muitos amigos, e os que aqui registro são aqueles que marcaram meus dias. Não excluo nenhum que ainda estou a construir, só deixo os que sinto falta, por que aqueles de quem não sinto tanta falta são aqueles que sempre estão comigo e que não me permitem sentir saudades.

Antes dos doze fiz meu primeiro grande amigo. Chamava-se Max. Era um pastor alemão... belíssimo. Peitoril forte, corpo esguio. Preto e pardo assim como aqueles que todos nós já vimos em filmes policiais [K-9, por exemplo].

Era bem educado, gentil, obediente. Era um eterno filhote. Tardes a fio passamos juntos eu a brincar com ele, ele a me sujar.

Morreu aos seis anos o meu primeiro grande amigo. Envenenaram-no sabe-se lá com o quê. Sei que o vi piorar aos poucos, com os olhos arregalados, patas duras, esticadas, só chorava; depois da segunda noite, não suportava mais vê-lo em seu leito (um colchonete posto na área onde fora criado). Observava-o pela janela quando meu pequeno morreu. Ví seu corpo, agora mole, sem vida, ser posto na carroceria de um carro...

Fui dormir... ao acordar meu amigo já não estava lá. Da janela de onde podia observá-la agpra estava apenas uma área grande e sem alegria. Morreu meu primeiro amado.

Por volta dos 12 ou 14 anos conheci Luísa. Essa sim seria uma grande amiga. Dela guardo as melhores lembranças, as melhores mentiras e nada neste mundo tirará essa lembrança dos meus olhos.

Pele branca, cobelos lisos, pequena, e doce. Um tanto estranha, mas possuía uma qualidade ímpar: era pura. Não plantava nem colhia maudade.

Anos depois, já por volta dos 14, tive um amigo muito importante em minha vida. Chamava-se Felipe. Era magro, um tanto quanto feio, um tanto quanto esquesito, mas mesmo assim, meu amigo; de conversar besteiras, trocar confidências e (adivinhem) beijos.

Ele foi quem me ensinou que amigos são necessários, independente de como me sinta, ter amigos por perto faz bem.

Já aos 16 (mais ou menos), conheci um outro grande amigo, Antonio, que me ensinaria as coisas mais simples e delicadas que podemos aproveitar dos nossos dias. Dele não arranquei sequer um "selinho" e guardo lembranças deliciosas de nossos dias de colégio e de tensão pré prova. Hoje mesmo estivemos juntos a contar loratas sobre nossos dias de colégio.

Foi um ano depois que somei à minha lista de amigos o André. Este tornou-se meu irmão. Aquele que sempre quis ter. De deitar-me ao seu lado e simplesmente receber carinho de irmão sem segundas intenções. Amei-o e amo-o como nunca amei nenhum outro homem. Um amor diferente e cheio de ternura. Ternura que descobri ao seu lado mesmo com suas constantes graceirias e nervos curtos. Descobri que o que há em mim é muito mais importante do que aquilo que pensam de mim. Descobri que o amor pode ser puro, que a vida pode ser banhada a pequenas doses de vodka, que buraco não é um simples jogo de cartas, mas sim uma boa desculpa para chupar pirulitos e comer cuscuz com "josefina" com os amigos. Descobri que conferir é coisa mais importante para se fazer no final do dia.

Aos meus amigos, aos poucos que fiz, dedico este texto e peço: é minha vontade que meus dias acabem nesta jornada terrestre, mas que não acabe o amor que tenho por vocês. Que acabe minha vida, mas que não se acabem meus amigos. Amo-os.

Gabriella Almeida
Enviado por Gabriella Almeida em 15/07/2008
Reeditado em 15/07/2008
Código do texto: T1080691
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