O Doce Encontro Marcado
Crianças brincavam na rua e Amélia corria. Tinha pressa, hora marcada à noite. Pedia ao Sol que ficasse mais um pouco, pedia à noite para não cair tão cedo. Precisava ficar linda como nunca havia ficado.
Corria Amélia de cabelo curto no estilo Chanel, unhas bem feitas, maquiagem discreta. Dobrou a próxima esquina. Finalmente a sua casa de adocicado rosa e grade branca e detalhes harmoniosos. Chegava ela do salão de beleza. Enfim daria continuidade ao ritual de embelezamento. Era necessário estar bela para combinar com a beleza do amor que tinha no coração e com o encantador namorado que a amava.
Decididamente escolheu o mais lindo vestido, florido como o mais formoso jardim; nele se fez linda e sorriu iluminando tudo.
Sentou-se ansiosa à espera do namorado. Seu coração atravessava as frestas da janela e subia até as poucas nuvens na noite que caíra naquele instante. E o tempo, que ela antes tinha desejado que parasse, realmente lhe pareceu parar. Então, outra vez ela suplicou que apressasse a hora em que a felicidade viesse buscá-la. Não era o primeiro namorado, mas o primeiro amor. O amor que vem e refrigera a vida inteira.
Abraçada a uma expectativa eterna, ela ouviu serenas batidas na porta. Levantou-se como uma delicada imponente rainha, que no auge do poder, se mostra nobre em cada detalhe de seus passos. Pôde, enfim, ver pela janelinha da sua porta que era seu amado. Estava ele tão bem vestido, tão garboso e tão belo quanto as mais perfeitas histórias dos amantes. Amélia, no encanto dos seus gestos, abriu a porta e deliciou-se na sublimidade do amor.