O PADRE E O TRAVESTI

"Quando tudo estiver no caos, a educação ainda será a saída!"

Helena Antipoff

A ignorância, no sentido grego da palavra, do não conhecimento sobre determinado fato, da falta de educação em não conhecer e não ter humildade em querer aprender, ainda pode ser uma explicação para certos "pré" -conceitos.

E é bem difícil romper certos paradigmas sociais, devido nossa latente ignorância. Dentre eles, a opção sexual de determinadas pessoas. Isto, levando-se em conta que, outrora, a sociedade era bem machista. Só para lembrar: houve época em que a mulher era considerada uma rés - coisa. Ademais, em pleno Séc XXI, no Brasil, houve necessidade de se legislar sobre os direitos inerentes à mulher, a tão comentada Lei Maria da Penha. Talvez tenha sido necessária sua promulgação, para reiterar em determinados homens o entendimento de que a mulher, há muito tempo, deixou de ser coisa.

Pois bem. Na manhã do domingo passado, fui à missa. Interessante que o padre, em sua homilia, abordou um assunto da mais rica exuberância, dizia que às vezes muitas pessoas, por acharem que fazem alguns sacrifícios de irem à missa, ou mesmo de ficarem sempre falando em Senhor, Senhor, estão mais próximas da divindade. O que, para ele, é um tremendo equívoco! Ora, Deus se manifesta em muitas pessoas, inclusive, nos marginalizados socialmente, seja numa prostituta, seja num travesti, seja num pedinte etc. E nem sempre, nós que consideramos "pessoas normais" enxergamos nesses marginalizados à presença de Deus, ao contrário, queremos sempre nos distanciar. E continuou, com muita propriedade, a criticar nossos preconceitos. Conceitos que nasceram de forma equivocada, doentia e envenenados.

No derradeiro momento da missa, o padre pediu para os presentes se cumprimentarem, dando o abraço da paz. Neste momento pude abraçar uma pessoa que estava atrás de mim, que estava com uma roupa extravagante e de óculos escuros, tratava-se de um travesti. E o padre fez questão de ir ao encontro dele e dar-lhe um abraço, quando eu escutei o "rapaz" dizer: "eu nunca fui tratado com tanta dignidade seu padre, muito obrigado!"

E como vale os exemplos de testemunho, os quais temos oportunidade de presenciar. E não foi diferente a sensação de que, realmente, aquele padre fizera algo semelhante ao Nosso Mestre da Galiléia, quando todos queriam apedrejar uma prostituta, Ele simplesmente disse: "aquele que não tiver nenhum pecado que atire a primeira pedra!"