POETA

O poeta, escritor da alma simplória, de palavras sólidas e surreais, ensandece e padece em sua solidão, num quarto com poucas luzes, num casebre de três peças e de poucos móveis. Alguns muitos conhecidos, pouquíssimos amigos. Nenhuma mulher. Alguns casos e namoradinhas, sempre preferiu cabarés. A orgia e a putaria eram suas unânimes preferências sentimentais. Não se envolvia, mas apaixonava-se pelas mais distintas profissionais que em sua cama dormiam, e que depois saíam e levavam toda sua renda financeira sem nunca mais voltar. Então chorava. Lágrimas escorriam-lhe o rosto e inundavam seu cômodo de sentimentos infortúnios, então por dias desistia de sua vida social e escrevia. Papéis e caneta eram seus companheiros, acompanhados por uma margura que transcorria por seus punhos e rabiscando tornava-se unânime. Escrevia sentimentos!

O poeta, solitário gênio de palavras ingênuas.