Cotidiano!

Acordei cedo, por volta das 7:30h da manhã, o que pra mim é muito cedo! Caminhei devagar pelo quarto, a procura de cigarros, achei, esperei chegar até o banheiro pra acendê-lo e fuma-lo sentada no vaso sanitario. Momento meu, somente meu, coisa rara em minha vida. Banhei rapidamente pois a aguá estava fervendo, escovei os dentes, usei um enxaguante bucal horrivel, mas é necessario. Caminhei ate a cozinha, molhando o chão obviamente, tomei dois dedos de café frio, feito a uns dois dias atras. Fumei outro cigarro e rumei para o quarto, já atrasada pra sair. E no ritual que foi achar e vestir a roupa, refleti sobre as pessoas que todos os dias acordam cedo, bem mais cedo que eu, não tem o café pra tomar, nem o cigarrinho pra fumar, agua quente então, nem preciso falar. E fui ficando assim, meio desmotivada, com uma vontade de voltar pra cama e esquecer que o mundo é injusto, que eu sou injusta, que reclamo de barriga cheia. Mas não pude mais ficar ali parada pensando nas questões sociais, corri pra parada de onibus, no calor imenso, a parada cheia, o onibus apertado , com gente com perfume de frutas, que misturava com creme de cabelo, o suor daqueles que ja acordam suados...enfim, a lida de todo dia. E eu fiquei ali, me equilibrando, recostada na porta do onibus, olhando atraves do vidro, as mesmas coisas de todos os dias. Paradas cheias, os mesmos rostos de sempre, o fedor de esgoto derramando pela avenida, o sacolejar do onibus nos buracos das ruas, a feira livre, o comercio... E aquele dia me pareceu mais enfadonho que os outros, as questões sociais fugiram de minha mente, e fui tomada de um certo preconceito, não queria estar ali, naquele calor, com aquela gente, com a demora de mais de uma hora pra chegar no serviço. Mas finalmente cheguei ao serviço, e não posso reclamar, trabalho em um escritorio de frente pra uma praça com coqueiros e de frente pro mar. Desci do onibus, corri pra faixa de pedestres, atravessei rapidamente, com a chave na mão, queria começar a trabalhar e mais ainda fugir do mundo em que vivo. Cheguei, liguei meu computador, dei ordens, sentei em minha poltrona, no frio do ar condicionado e percebi que essas coisas só são boas, porque contrastam com a sina de chegar lá!