Fugindo de mim
O álcool domina meus instintos, anestesia meus sentidos, alivia meu sofrimento. Instantes de paz e alienação. Bendita alienação que me leva a esquecer a dura realidade que me cerca, que me aprisiona, que me agride e tortura.
Momentos e mais momentos, apenas isso. Queria eu ter a capacidade de retirar-me da realidade presente e passada, talvez da futura. Transportar-me para uma realidade paralela, talvez, apenas talvez, fosse a solução. Uma realidade que jamais fosse cortada por essa realidade real.
A beleza de luzes, formas, cores, sabores que nem mesmo sinto, odores perversos. Que tal ausência de dores fosse eterna, suprindo minha fraqueza extrema.
Tudo, mas tudo quanto narro, encerrado numa xícara de café forte, sem açúcar, logo ao despertar com forte dor de cabeça.
Parece que minha dor só fez aumentar. Tornar a fugir, nem pensar.