Entre o Bem e o Mal

Dizem que existe o Bem e o Mal. Se fecharmos os olhos, temos até as imagens. Temos as cores, os sonhos, os pesadelos e os vultos. Temos as feras debaixo das camas, dentro dos guarda-roupas, dentro das nossas cabeças.

Temos tudo o que precisamos, exceto a certeza. Talvez, para alguns, o mais importante. Mas esquecemos que Lúcifer é apenas um nome, inclusive uma cria de Deus.

Não é tão difícil de entender: somos os únicos a culpar. Somos como cegos perdidos no silêncio de uma escuridão, procurando por um sentido para a vida. Como podemos? Marque as minhas palavras: Deus abandonou este mundo.

Procuramos por respostas, mas nem sempre sabemos quais são as perguntas que nos guiam. E procuramos por verdades, por verdades que não sabemos. Que pertencem aos outros e que estão em todos os lugares.

Mas os outros não sabem onde procurar, revistam templos, se perdem na solidão dos mares, se perdem dentro de si mesmos. Não procuram dentro de si e não sabem que não existe uma verdade absoluta – não em uma mente consciente.

Eu escuto promessas e vejo mãos vazias. Vejo o mundo se repetir e pecar novamente na maldade e na ganância. O mundo insiste em ser o mesmo. Nós insistimos em ser os mesmos, os mesmos erros, a mesma busca, os mesmos segredos, os mesmos defeitos.

Enquanto procuramos, guerras acontecem por todo o mundo. Inocência caindo na fúria da espada – a mesma espada que equilibra os pratos da justiça. Homens caem ao chão sem dizer suas últimas palavras, como castelos de areia que se despedaçam ao sabor do vento.

Triunfo para os mártires da guerra, que caem pelas causas dos outros. Valeu o sacrifício?

Nós fizemos seus guerreiros, seus heróis e também o choro de suas mães. Eles buscaram o orgulho de seus pais, buscaram o céu em uma metáfora – a única verdade que puderam abraçar. Rastejaram por um milagre.

Lucas Sidrim
Enviado por Lucas Sidrim em 12/07/2008
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