Sombras e Duplos

Tudo que reprimimos acaba criando a sombra, se reprimimos é porque não aceitamos e jogamos no inconsciente. Ocorre que a comunicação entre inconsciente e consciente é inerente ao nosso “desejo”. O ego faz o papel de censor ou divisor, permitindo/liberando somente o que não “agride” a consciência.

A sombra é preenchida por imagens/símbolos no inconsciente individual e coletivo, que representa a verdade sonegada. As individuais são o que dizem respeito à vida individual e a coletiva está ligado às origens culturais.

Vamos avançar para além dos universos do consciente e inconsciente: no inconsciente existe imagens/símbolos represados que se constela em diversos universos paralelos ou sombras das sombras. Na consciência há uma construção da realidade ilusória sustentada em consciências não mais reais, ou seja, falsas. Parece-me então que este seja o duplo de um consciente falso. Duplo do duplo.

A negação da verdade é a sombra e tudo que é construído com base na negação da verdade é o duplo, ou seja, vamos construindo instituições e rituais distanciados do que realmente somos, nos afastamos de nossa essência, vamos construindo duplos e alimentando as sombras. Com os duplos vamos criando relações de novos duplos e as sombras produzem mais sombras; sombras das sombras e duplos de duplos...

A ilusória realidade hoje vivida é a morte pela morte, e nós mortos vivos, caminhamos primitivamente pelas cavernas das sombras e nas ilusões reais de duplos... Talvez, buscar a centralidade na nossa essência, desconstruindo de forma pedagógica os muros do ego que nos separa da verdade... Também é importante não deixar feridos pelo caminho, pois, o ferido é a não desconstrução das sombras e dos duplos.

A beleza real da vida aparece no instante apoderado do momento dado... Quando vivemos a essência não mais necessitamos de instituições e nem rituais, não existe mais dor no corpo e na alma, vivemos naturalmente um encontro.