MEU DESTINO
Você me olha assim
Atravessado
Cola ao bosla ao lado
Do seu corpo franzino.
Você me olha em sobressalto
Pelo que sou
Ou pelo futuro
Que lhe pode pregar igual peça?
Você me olha
Querendo não me ver
Mas a cada dia que passa
Mais e mais sou visto por você.
Você me olha
Torcendo o nariz.
Sei que não lhe cheiro bem.
Mas, assim eu não quiz.
Também quisera o seu banho quente
E o seu perfume importado
De bom fixador.
Mas, você não olha
Pra quem me deixou assim
E multiplica outros
Com a minha igual dor
Sou, somos, seremos
Frutos multiplicados
Por um mundo só
Um mundo sem dó
Sem solidariedade
Onde a competição das cavernas
Ganha nova roupagem.
Viver não é mais um direito
É um desafio, uma seleção natural.
Assim, confortável em Darwin
Em sua teoria da evolução
Ou no destino manifesto
Talvez na reencarnação
O meu destino mendigo
Seja a sua redenção.