Deveriamos reparar 02

Agora aqui diante da estatua de César Imperator.

Que faço eu, silenciando, sem acordar que irei de novo me ajoelhar, admirar e ficar profundamente espantando ante uma grandeza, da que vou tirar, aderido, o sangue ?

Este rosto tem um poder sobre o meu peito.

Escuito o odio em seu olhos, e com um intuito, simples, o afasto.

Ontem mesmo passeando os muros apagados da mansão de Augusto, desejei que o Império torna-se outro século ser Invito.

E ate se lhe deu as musas por ficar encantadas com um certo reconhecimento a labor de este outro homem, enquanto assentava os pilares ocultos, sobre os que fluirá o grande império, séculos tormentosos.

E deu-lhe aos fados por pensar num velho, venerado e amável avozinho que tem sobre sua cabeça o destino insaciável dum mundo, como sobre seu colo o sorriso dum neto maior ávido de prociar um Calígula.

Ou visto de outra óptica: um Anfiteatro a meu redor, eu no seu interior ate abrumado por não poderes deixar de chorar, pelo espolio da sua grandeza.

E cem dias de festa no estréio, na platéia a morte a convidar dum acontecimento que nos alegra a viva. 5000 feras mortas, 2500 homens deitados pelo chão em carne martelada, pó e asfixia.

Parabéns ao valor.

Sinto esse resplendor do sol a cair sobre a areia, de homens com seus cânticos a animar seu herói predileto. E me torno um mais, dos seres que são manipuláveis.

Vejo o Império a fundo no foro, subo as escadas que me levam a alongar, mas ainda meu alento não deixa de latejar suspiros que são veementes, loucos, como toda esta força que me abduze, me atrai, e luta contra meu espírito que tanta de novo gravitar... No paraíso dos justos.