Letras... ponto de partida para afinidades

Auditório, 8h30min. Papéis com os cargos impressos nas costas das cadeiras. Uma mulher fazendo o papel de cerimonial indica onde sentar.

Os empossandos vão chegando: olhos curiosos, orgulho no peito, reconhecimento de seu novo habitat.

Logo, a mulher decide organizar por ordem alfabética: até tal lugar a saída é pela direita, o restante, pela esquerda. E assim os que possuem nomes que começam ou se aproximam da mesma letra, iniciam breves diálogos. Sem contar que na entrega dos exames para o laudo médico, possivelmente algumas letras já haviam se reconhecido.

Terminada a solenidade, divisão alfabética para o Painel de Talentos. Aí sim, os recortes de letras vão deixando pra trás a superficialidade do primeiro momento. “O que você faz melhor? Diga um defeito ou uma qualidade que se inicie com a letra (lá vem ela de novo) do seu nome ou sobrenome. Fale sobre você...” Uma folha de papel vira bola, Vinícius de Moraes ouve seu Soneto, a partir de uma única palavra corajosa a pessoa se desnuda, expondo sua fraqueza ou fortaleza. O l(ele) ganha ares de batalha, força, persistência, vitória, com a palavra lutadora. O c(ce) de chorona expõe que a lágrima significa mais que tudo, coragem de ser o que se é.

E enquanto a “banca examinadora” exercia o seu papel, anotando, perguntando, avaliando, escolhendo; as “letras” iam criando laços invisíveis, no envolvimento das diferentes personalidades.

Fruto do acaso ou não, a verdade é que as letras foram se tornando amigas...

Lígia Martins
Enviado por Lígia Martins em 10/07/2008
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