A BESTA

Em um reino muito, muito distante vivia um povo chamado LISARB, povo bondoso e pacato onde a sociedade como um todo zelava pelo um, lá não havia terremotos, maremotos, furacões... Contudo nas montanhas vivia um monstro muito temido por todos chamado AICNELOIV, que de quando em quando descia a vila para escolher sua presa, esse monstro invisível sugava a felicidade das pessoas fazendo com que após seus ataques os únicos sentimentos restantes fossem os mais tristes, até que toda energia vital fosse consumida. Todos temiam esse monstro e de seus ataques ninguém estava isento. Segundo uma lenda antiga surgiria um guerreiro capaz de subjugar o monstro e vencê-lo e todos o chamariam de ACITSUJ, pois ele salvaria o povo e conduziria a sociedade para uma situação favorável onde se poderia andar despreocupado pelas ruas, arrancar as trancas das portas, as cercas elétricas dos muros e os coletes, pois a polícia não mais alvejaria inocentes, poderiam se livrar das armas de fogo e das brancas também. Achariam todas as balas perdidas e o medo desapareceria das cabeças e dos corações.

Todos os guerreiros da vila haviam sido derrotados e o único homem adulto que restava se chamava IOREH ITNA e tinha pavor de AICNELOIV, mas devido uma promessa da sociedade de que riquezas, prestígio e poder lhe seria concedido quando regressasse vitorioso decidiu enfrentar a besta.

Assim partiu nosso herói em busca de aventura, quando ouvia um barulho se escondia, aguardava um pouco vendo que tudo estava tranqüilo continuava a caminhada e na boca da noite chegou à caverna onde morava o monstro. Esgueirou-se pouco a pouco e começou entrar cada vez mais na fenda gigantesca. Andou, andou, andou e nada de monstro. Parou, escutou, assobiou, gritou e nem sinal, IOREH ITNA se encheu de coragem e caminhou para o centro onde havia uma grande parede de espelhos que refletia toda a sala dando ao ambiente a ilusão de que era maior, ao aproximar-se sentiu uma felicidade lhe invadir aos poucos e a sensação de bem estar percorrer todo o seu corpo. De repente notou que era observado por dois grandes olhos, olhos que pertenciam a AICNELOIV que se materializou instantaneamente entre ele e a saída. O que restou a IOREH ITNA era vencer o monstro ou ser mais um devorado pelo seu apetite insaciável. Mas como obter sucesso onde todos haviam falhado? Como destruir uma criatura que não possui fraquezas? Sacou rapidamente a arma e atirou, a bala ricocheteou na criatura, puxou a espada e desferiu um golpe contra o monstro, mas sua pele escamosa era dura como o aço e suas garras afiadas feito navalha num contra golpe esfarrapou suas vestes deixando seu dorso nu, a fera num golpe colossal arremessou o guerreiro a dez metros de distância partindo em seguida para desferir o golpe mortal, no susto IOREH ITNA jogou a espada para traz a fim de ganhar impulso no golpe e acertou o espelho que trincou no mesmo instante a AICNELOIV urrou de dor e uma luz se formou na cabeça de IOREH ITNA, ali estava o ponto fraco do monstro, ele então começou a quebrar os espelhos que circundava a sala e a cada investida a besta se contorcia seguido de um berro capaz de ser escutado a quilômetros de distância e no ultimo espelho estilhaçado AICNELOIV se transformou em um homem, um guerreiro da vila de IOREH ITNA.

- Obrigado!

- Quem é você?

- Me chamo RATAM e fui o ultimo guerreiro a derrotar AICNELOIV. Mas como você deve ter percebido não é uma solução viável, visto que o guerreiro se transforma na fera, e a fera passa a compor a parede de espelhos.

- Mas porque isso acontece, como se derrota esse mal?

- Você é jovem IOREH ITNA, o mundo não se resume nos BONS e nos MAUS, a fera existe por causa dos aldeões, é reflexo de seus sentimentos e atos, e matar a fera só põe outra mais feroz ainda em seu lugar. O ciclo recomeçou...

(RATAM virou cacos de espelho e pó unindo-se aos demais e formando novamente a parede de espelhos, IOREH ITNA sentiu o fogo arder em seus olhos e lentamente viu seu reflexo mudar através do espelho, sua consciência se dissipar enquanto uma fúria destrutiva crescia em suas entranhas).