Drogas Perdidas

Uma vez certo amigo me disse que drogas injetadas, fumada ou cheirada fazia você viajar por um mundo parecido com o nosso com algumas diferenças, muitas calendoscópicas. Você viajava antes, durante e depois, se sentia confuso perdido, o mundo ganhava diversas cores; tudo ganhava vida, de uma xicara de café à algo com minha sombra.

A vida era uma merda e fugir era a palavra de ordem. Nós moleques viviamos cheirando, achavamos legal, algo que faziamos escondidos, pois o perigo fazia a adrenalina pulsar, misturado então com a droga, tudo girava mais rapido com cores multiplas.

Nas esquinas e nos becos da vila eu passava a maior parte do dia, indo para a casa de manhã. Durmia pouco, cheirava muito. Para mim e meu amigo naquele tempo não existia, mas como tudo nessa vida, agente experimentaria pela primeira vez. Peguei a seringa, pensando comigo que aquilo era o paraiso liquido, mas era caro, a viagem era muito longa e louca. A divisão era corrente, todos usavam e todos iam longe. Meu amigo cantava Roberto Carlos em um ingles enrolado que todos nós entendiamos.

Depois de dois anos cheirando, fumando e injetando e transando, conhecir a droga em pilula chamada "extase", alucinogeno. Era esse a forma mais rapida de ir ao inferno sem escalas. já tinha vendido todas as minhas coisas, roubava dinheiro dos meus pais, não importa - sei lá tudo era louco.

Escrevendo isso agora, sentado, nessa clinica. Vejo que agora no fundo do poço. Me sinto acabado, sem amigos, sem pais ( eles morreram) sem ninguém. Meu amigo morreu de overdose aos vinte anos. Escapei, com vida pelo menos, pois as drogas perdidas o fazem ir além para a morte.

(Caro amigo leitor, esse texto é meramente de cunho ficticio, nada haver com a vida real de quem escreve, Obrigado)