uma sombra em seu caminho
O único motivo para que eu me ponha a escrever é um vago sentimento de revolta.
E é estranho como tal sentimento faz parte do meu ser desde todo o sempre.
Revolta, não apenas pelos absurdos que acontecem permanentemente a nossa volta, como também a sensação de que eu poderia estar fazendo alguma coisa para tornar a vida de todos um pouco melhor.
Agora temos que ouvir absurdos: o governador do estado, eleito pelo povo, declara que os policiais que balearam o menino “são uns débeis mentais’, foi o que saiu na imprensa”.
Tenho a noção perfeita de que incompetentes são, também, aqueles que comandam, os que botam armas nas mãos de pessoas, que dirá “débeis mentais”, mas, com certeza despreparados para a função, e que os permitem atirar.
Será que não está na hora dessa chefia enfrentar o julgamento junto com os seus soldados, já que eles são os principais responsáveis pelos despreparo de seus subordinados para enfrentamento da violência das ruas? Pois, já estão sendo julgados pela população, mesmo que nomomento se tente atribuir toda a carga culposa aos erros dos subordinados.
Pois esse “fogo amigo” é decorrente de despreparo e de medo. E quanto maior o despreparo, maior será o medo e a probabilidade de operações policiais desastrosas.
Escrevo pelo sentimento de revolta impotente diante dos acontecimentos. Se aqueles que passaram a vida se preparando para lidar com os problemas de segurança pública cometem tantos erros e são tão ineficientes, o que poderia o cidadão comum, como eu, fazer nesse caso?
Reconhecer que há uma guerra de “mocinhos contra bandidos” e que em toda guerra há mortos e feridos não vai sanar o problema. A população não está em guerra, não vivemos um regime de exceção. Fosse esse o caso, o governo poderia decretar estado de sítio e impor um toque de recolher para melhor desenvolver as suas operações de guerra sem mortos inocentes.
A violência parece fazer parte da vida, digamos assim, "normal" das grandes cidades. É assim. E a polícia tem que saber agir nesse contexto sem causar vítimas, numa tentativa de minimização de danos à sociedade.
Como fazer? Eu não sei. Mas, com certeza, não é disparando as armas contra qualquer sombra que tenha a má sorte de estar no caminho.