O homem das cavernas

Para quem me conhece, sou barbudo e cabeludo assim como o personagem da bíblia chamado Jesus, e vai ver que por isso, resolveram me tirar para Cristo. Tudo começou numa segunda-feira, depois de uma semana cheia de trabalho, de domingo a domingo, me chega um funcionário da Companhia Riograndense de Saneamento, na enésima tentativa de colocar um hidrômetro. Depois de duas horas o cara sumiu, sem colocar no local o dito cujo, e sem ligar corretamente o encanamento. Nem precisa dizer que é uma empresa pública.

Na terça-feira, fica ainda pior. Na tentativa de desbloquear um cartão na Nossa Caixa Econômica “Orgulho” Nacional. Vou fugir do meu estilo e fazer quase como um diário, sem o querido antes, por favor.

9hs45min – Chego a agencia. Há uma fila enorme, para fazer um agendamento, para depois que a agencia abrir as portas, ordenar o atendimento. Depois disso mais uma longa fila à espera da entrada.

10hs02min – Entrada na agencia. Antes de ir aos caixas propostos para resolver o problema da senha, marcada para as 10hs15min, uma passada no setor de empréstimos para aposentados, pedido pela vovó e que somos procuradores, minha esposa e eu, mas os quatro caixas que deveriam fazer o atendimento, estavam conversando frivolidades, e preparando o atendimento, que começa as 10hs16min.

10hs15min – Minha esposa vai até os caixas designados para fazer o desbloqueio da senha do cartão, estava marcado para vale lembrar mais uma vez, supostamente para sermos atendidos naquele horário. Ledo e Ivo engano. Mais fila. Espera vã.

10hs35min – Ao sermos chamados para atendimento, somos informados que aquele serviço não é prestado ali, mas com outra pessoa, a M., queria não fazer um trocadilho, mas é inevitável. No lugar que deveria estar esta tal senhora, duas mesas vazias. Uma secretaria um pouco afastada noutra mesa usava o telefone, utilmente ao menos, e nos informa que a dita M., está no andar de cima, onde estávamos antes, na hora da vã tentativa de falar do empréstimo. Vamos lá e encaramos uma sósia do Fofão com cabelo natural, que nos diz:

- Não é comigo, é com o V.

Depois de mais dez minutos sem que ninguém soubesse do V., liguei para a ouvidoria da CEF. Mais dez minutos de blá, blá, blá, anoto um número de protocolo e uma garantia de resolverem o problema em três dias.

10hs57min – Localizamos o tal V., antes não tivesse, fomos repelidos como cães sarnentos, enxotados como se ele não fosse pago pelo dinheiro do nosso trabalho e nossos impostos, e como se, não fosse esse o trabalho dele. Reclamei brandamente sobre o atraso, até então, apesar do tempo, ainda estava levando na esportiva fazendo piadas, então num “golpe de sorte” do nosso V., o sistema saiu do ar. Uma amiga nossa, minutos depois conseguiu a operação, mas para nós, as duas e meia da tarde o sistema estava fora do ar, ainda.

Depois de todo esse perrengue, sem solução a vista, fomos até um caixa eletrônico, e ... o cartão estava funcionando. Então, sorte da garota do caixa da lotérica que não sabe usar um cartão não estava por perto, pois não poderia responder por mim, afinal, era muita incompetência para um dia só.

Daí você pensa, tudo está bem quando acaba bem. Bem, não acabou ainda, faltava o empréstimo, munido de todos os documentos necessários à comprovação, já que somos procuradores para todas as ações bancarias, uma vez que a vovó não pode ficar horas na fila destes bons atendentes. Surpresa, ou não. Não dava. Faltava uma palavrinha...

Varias pessoas reclamavam à nossa volta, mas ninguém quis protocolar reclamação, durante o período que estivemos a mercê dos “bons servidores públicos”, podemos observar o vai e vem de pessoas desorientadas. Até quando? Até quando? Até quando? ...

Que saudades do tempo das cavernas quando o homem era civilizado...

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 08/07/2008
Código do texto: T1071508
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