Quando a vida dói


Nunca imaginei que uma simples sopa de feijão me traria lágrimas aos olhos me remetendo a uma infância de mim tão distante que jaz registrada no fluido universal e nos refolhos da minh'alma. Nada acontece por acaso isto é um fato.Não foi à toa que ofereci fazer sopa de feijão para o jantar e Ludmila aceitou.

A tarde passou tranqüila e a noite já se aproximava quando ela resolveu levar os poodles para passear. Retornou trazendo para dentro de casa o seu ar de alegria e juventude, aflita por tomar a tão desejada sopa.Fiz o mesmo. Peguei uma caneca pois é nela que gosto de tomar sopa, coloquei um pouco e me encaminhei para a sala onde ela já degustava a sua.Vim falando assim: - o meu pai só tomava sopa com limão! Ao que ela respondeu: -Éder também! Éder é um seu amigo.

Num flash mais do que instantâneo me veio toda a infância à mente trazendo-me lágrimas aos olhos. Fui remetida à casa dos meus pais onde vivi muito tempo feliz. A mesa posta, todos em sua volta, os pratos fumegantes de sopa frente a cada um, a vasilha com rodelas de pão no centro da mesa e o limão cortado ao meio sobre um pires perto do meu pai.Como ele gostava! Nós para agradá-lo também pingávamos umas gotinhas na nossa . Cheguei a sentir o seu aroma e o sabor levemente cítrico na minha boca. Fingi precisar de alguma coisa na cozinha e retirei-me da sala para chorar sozinha.Não quís incomodá-la. É assim, simples assim, que um minúsculo fato nos faz sentir a latente dor da vida.



Bjs soninha