Nostálgico ou saudosista?
Serei um nostálgico? Um saudosista?
Ou as duas coisas ao mesmo tempo?
Acordei, hoje, me fazendo esta pergunta.
Só sei dizer, que é abrir o Word, e, aos borbotões, coisas e imagens do passado vêm-me inapelavelmente à memória!
A partir daí, meus dedos, tornam-se irrefreáveis, e começam a deslizar por sobre o teclado do meu computador, impulsionados pela enxurrada de relembranças vindas do meu ontem.
Não ligando para a palavra segredo, eles contam tudo à telinha indiscreta do meu monitor.
Deixo-os escrever o que quiserem...
Deixo-os donos absolutos da minhas reminiscências...
E fico a me indagar se neles, nesses cansados dedos, e não no meu coração, está arquivado tudo o que, ao longo de tantas décadas, me aconteceu, de bom e de ruim.
Outra pergunta: haverá, por acaso, alguma diferença entre nostalgia e saudosismo? Ou é tudo a mesma coisa?
Mister se faz que se desfaça logo a dúvida que ora levanto.
Quem escreve, não pode deixar que alhos sejam confundidos com bugalhos.
Um vacilo, um cochilo, uma derrapada, e o escriba estará sumariamente aniquilado.
Porque há sempre algozes de plantão. Indiferentes à beleza do texto, eles criticam até uma ocasional má colocação de u´a vírgula. São terrívfeis!
É por isso que sobre a mesa do escrevinhador deve estar sempre à sua disposição boas gramáticas e bons dicionários.
Carrego comigo cindo dicionários. E ainda estarei sempre correndo o risco de cometer erros, veniais e mortais, no manuseio diário do vernáculo.
A propósito, neste fim de semana, chuvoso em Salvador, comecei a ler Ungáua, o mais novo livro do formidável Ruy Castro, que comprei na Saraiva.
O livro reúne 101 crônicas do autor de "Ela é carioca" e "Chega de Saudade", todas publicadas na Folha de São Paulo.
E na crônica Palas e Poses, o escritor chama a atenção para um erro não raro praticado e nem sempre percebido, quando "posar" é, de repente, confundido com "pousar".
E ressalta Ruy Castro que "de uns tempos para cá, tenho lido que, em vez de modestamente posar, Fulano "pousou" para um retrato ou foto".
Para, em seguida, ironicamente completar: "Nesses momentos não resisto. Imagino o Fulano vindo pelos ares, planando com a graça de uma cotovia e pousando com a maior classe no poleiro do estúdio ou ateliê, a fim de ser retratado."
Mas o negócio, aqui, é saber se nostalgia e saudosismo são vocábulos que traduzem a mesma sensação.
Consultei o Houaiss. E verifiquei que entre essas duas lindas palavras existe uma diferença; sutil, mas existe.
Nostalgia - Abatimento, melancolia, pesar, saudade, tristeza.
Saudosismo - Apego ao passado.
Valendo-me, assim, do generoso "pai dos burros", chego à conclusão de que, a rigor, não sou um saudosista: não me agarro (podem dizer que estou mentindo) com unhas e dentes ao passado, embora não o despreze.
Sou, isto sim, um nostálgico...
De súbito uma velha recordação me surpreende e me faz cair numa impiedosa melancolia.
Como está acontecendo, agora, neste soteropolitano fim de tarde.
Não importa: gosto de sentir saudades...
Serei um nostálgico? Um saudosista?
Ou as duas coisas ao mesmo tempo?
Acordei, hoje, me fazendo esta pergunta.
Só sei dizer, que é abrir o Word, e, aos borbotões, coisas e imagens do passado vêm-me inapelavelmente à memória!
A partir daí, meus dedos, tornam-se irrefreáveis, e começam a deslizar por sobre o teclado do meu computador, impulsionados pela enxurrada de relembranças vindas do meu ontem.
Não ligando para a palavra segredo, eles contam tudo à telinha indiscreta do meu monitor.
Deixo-os escrever o que quiserem...
Deixo-os donos absolutos da minhas reminiscências...
E fico a me indagar se neles, nesses cansados dedos, e não no meu coração, está arquivado tudo o que, ao longo de tantas décadas, me aconteceu, de bom e de ruim.
Outra pergunta: haverá, por acaso, alguma diferença entre nostalgia e saudosismo? Ou é tudo a mesma coisa?
Mister se faz que se desfaça logo a dúvida que ora levanto.
Quem escreve, não pode deixar que alhos sejam confundidos com bugalhos.
Um vacilo, um cochilo, uma derrapada, e o escriba estará sumariamente aniquilado.
Porque há sempre algozes de plantão. Indiferentes à beleza do texto, eles criticam até uma ocasional má colocação de u´a vírgula. São terrívfeis!
É por isso que sobre a mesa do escrevinhador deve estar sempre à sua disposição boas gramáticas e bons dicionários.
Carrego comigo cindo dicionários. E ainda estarei sempre correndo o risco de cometer erros, veniais e mortais, no manuseio diário do vernáculo.
A propósito, neste fim de semana, chuvoso em Salvador, comecei a ler Ungáua, o mais novo livro do formidável Ruy Castro, que comprei na Saraiva.
O livro reúne 101 crônicas do autor de "Ela é carioca" e "Chega de Saudade", todas publicadas na Folha de São Paulo.
E na crônica Palas e Poses, o escritor chama a atenção para um erro não raro praticado e nem sempre percebido, quando "posar" é, de repente, confundido com "pousar".
E ressalta Ruy Castro que "de uns tempos para cá, tenho lido que, em vez de modestamente posar, Fulano "pousou" para um retrato ou foto".
Para, em seguida, ironicamente completar: "Nesses momentos não resisto. Imagino o Fulano vindo pelos ares, planando com a graça de uma cotovia e pousando com a maior classe no poleiro do estúdio ou ateliê, a fim de ser retratado."
Mas o negócio, aqui, é saber se nostalgia e saudosismo são vocábulos que traduzem a mesma sensação.
Consultei o Houaiss. E verifiquei que entre essas duas lindas palavras existe uma diferença; sutil, mas existe.
Nostalgia - Abatimento, melancolia, pesar, saudade, tristeza.
Saudosismo - Apego ao passado.
Valendo-me, assim, do generoso "pai dos burros", chego à conclusão de que, a rigor, não sou um saudosista: não me agarro (podem dizer que estou mentindo) com unhas e dentes ao passado, embora não o despreze.
Sou, isto sim, um nostálgico...
De súbito uma velha recordação me surpreende e me faz cair numa impiedosa melancolia.
Como está acontecendo, agora, neste soteropolitano fim de tarde.
Não importa: gosto de sentir saudades...