Textos sem efeito

Minha mente, esta incurável egocêntrica, esboça textos para serem apreciados apenas por mim mesmo. Tento transcrevê-los numa linguagem acessível e compreensível, mas torna-se inútil esta transcrição, visto que, o conteúdo não traz interesse a ninguém.

Seriam necessárias várias mãos e igual número de canetas, pois o assunto nunca é o mesmo. Basta sair das profundezas de um sono que a minha mente inicia o processo de pensar, pensar e pensar. Não existe uma seqüência lógica nos pensamentos. Aquele que chega primeiro ocupa o lugar de destaque, entretanto, outros chegam e se acomodam em seus devidos lugares. Ordeno e organizo o quanto posso, porém a volubilidade é a marca registrada dos meus pensamentos.

Não há gramática capaz de acompanhar a rapidez e a diversidade, e confesso, nem mesmo eu suporto estas “qualidades” do meu pensamento. Normalmente, a minha cabeça pesa com tantas informações e tantos questionamentos.

Um imenso dicionário da língua portuguesa contendo aproximadamente duzentos mil verbetes e subverbetes se instalou sobre a minha escrivaninha para me ajudar. Quando sinto alguma dificuldade no vocabulário, recorro a este fantástico colaborador. Ele é pesado, porém é um grande amigo nos momentos mais difíceis. Algumas palavras contidas nestes dicionários são como fantasmas para incrédulos. Parecem não existir. Ficam guardadas em algumas páginas escondidas, e de repente, surgem para preencher um vazio em algum texto vazio, ou não.

Não posso me esquecer do cinzeiro em forma de frigideira, afinal, ele é o compartimento que mantém o meu quarto-metade limpo, visto que, fumo como um maluco.

Não sou escritor e nem mesmo estas linhas foram escritas pelas minhas mãos. Eu dito o tema e este autor transcreve as minhas alucinações.

Minha mente, esta incurável egocêntrica, esboça textos para serem apreciados apenas por mim mesmo.