Gramática existencial
Há momentos que faltam pronomes na língua-mãe. Eu não seria eu. Eu também não seria nós. É mais que isso. Seria uma mistura homogênea de todos eles. Uma visão oculta de todos nós.
A voz que ouço sem ouvir. A imagem que vejo sem ver. Perguntas não endereçadas a mim e a ninguém, e outras endereçadas a pronomes pessoais usuais. Não. Não são estes os pronomes pessoais a que me refiro. Existe algum vazio nas conjugações dos verbos regulares e regras infantis nos irregulares.
Sei que os meus argumentos são vagos e que estudiosos da língua-mãe estão me esquartejando, porém, sei que existem outros pronomes pessoais. O momento também é vago para tais argumentos.
Não ouço outras vozes. Não vejo outras imagens, embora saiba que existam todas por aí. E por ora, concretamente, fazem parte dos pronomes pessoais inexistentes.