Dor de cabeça

Uma dor de cabeça insuportável assola a minha cabeça. Já utilizei todas as técnicas orientais que conheço, mesmo sabendo que são poucas as que conheço, claro, e ela teimosamente, não me dá o mínimo de sossego.

Com a ponta dos dedos indicadores das mãos flexiono todas as partes doloridas do meu crânio. Passo para a parte ocidental e engulo alguns analgésicos… e nada!

Estômago saciado. Não leio há dias. Poucos cigarros, e é óbvio, apenas por não tê-los. Sono (acreditem!) em dia.

Ao apagar a lâmpada do meu quarto e transformar o ambiente numa penumbra sem igual, atrevo-me a fechar os olhos e vejo uma infinidade de pontos luminosos. Cada um deles me indica a posição da dor, e são muitos pontos luminosos para uma infinita dor de cabeça. Acendo a lâmpada. Apago a lâmpada. Acendo a lâmpada…

Meus movimentos são lentos e cuidadosos. Nestes três dias que se passaram, sinto ser duas pessoas: aquela que está com dor de cabeça e aquela que a combate de todas as maneiras.

Quem eu gostaria de ser: a dor, o curandeiro? Não sei.

Concentro todas as energias nas pirâmides do Egito, nas estátuas da Ilha de Páscoa, nas escadarias dos Maias, nas… e nada.

Uma barata (lembram-se delas!) passeia pelo rodapé do meu quarto. Não é daquelas voadoras (ainda bem!). Cautelosamente, e sem o mínimo descuido, apanho o meu tênis e avanço decididamente para matá-la. Uau! Esmaguei-a!

Uma dor de cabeça assolava a minha cabeça.