Amores para sempre

Não se esquece de um amor, ou seja, qualquer amor. Não seria possível apagar da memória, ou seja, qualquer memória, tantos momentos, nem aqueles onde os sorrisos foram testemunhas oculares de tamanha felicidade, ou seja, qualquer felicidade, e nem aquele onde a lágrima denunciou o sofrimento, ou seja, qualquer sofrimento.

Guardo comigo cada face; todos os gestos destas faces; as reconciliações com todas estas faces; as despedidas de todas estas faces; os encontros com todas estas faces; os desencontros com todas estas faces; os abraços de todas estas faces; os beijos de todas estas faces; as músicas que marcaram cada uma destas faces; os filmes que escreveram as páginas nas histórias de cada uma destas faces; os lugares onde estão gravados os passos de cada uma destas faces; os nomes de todas estas faces; as datas que fui premiado por estar na companhia de cada uma destas faces; os inícios dos relacionamentos com cada uma destas faces; os finais tristes e dramáticos com todas estas faces. Muitas e muitas trepadas com cada uma destas faces. Enfim, guardo absolutamente tudo, ou seja, tudo.

As comparações são também inevitáveis. Uma palavra mal colocada; um detalhe não percebido; um olhar mais afetuoso; uma atitude mais enérgica; uma decisão inadiável; uma roupa mais exótica e outra mais sensual; a mão que delicadamente tocou nas proximidades da vulva; o dedo que acariciou os seios; a apalpadela nos flancos das nádegas carnudas; o corte ou a tintura do cabelo; o andar mais ou menos cadenciado; os pratos preferidos; as cores favoritas; a música que toca no rádio; a marca do cigarro ou a bebida mais apreciada; o número do telefone; a marca do automóvel; o documentário sobre a cidade natal; o animal de estimação; o autor preferido. Exatamente tudo é motivo para comparações.

Não se esquece de um amor, ou seja, qualquer amor.